A vida cigana do Atlético está com os dias contados. Após a Copa do Mundo, depois de quase três anos, o Furacão poderá finalmente voltar para casa e ter o seu torcedor apoiando das arquibancadas. Será o renascimento do caldeirão rubro-negro. Contudo, até este sonhado dia, o time terá ainda três partidas com seu mando para jogar distante pelo menos 100 quilômetros de Curitiba: Chapecoense, Coritiba e São Paulo. E a casa temporária das próximas rodadas tem tudo para ser o estádio Willie Davids, em Maringá.
As negociações estão bem adiantadas. Inicialmente apenas o clássico contra o Coxa estava na pauta de discussões, mas diante da negativa da CBF em utilizar novamente o estádio Orlando Scarpelli (jogou lá contra o Grêmio, na abertura do Brasileirão), afinal a entidade não permite que o jogo seja disputado no mesmo estado do adversário, o Atlético tem buscado outras alternativas. Detalhes da negociação comercial ainda não foram revelados, mas as projeções e o histórico de bons negócios mostram (ou pelo menos nos conduzem a acreditar) que o acordo deve ser financeiramente vantajoso ao Furacão.
E bons exemplos dessa habilidade em encontrar parcerias vantajosas não faltam. Desde que foi forçado a deixar a Arena para as reformas para a Copa do Mundo, o Atlético tornou-se um time itinerante. É sabido que a diretoria tentou aliar uma boa condição técnica, além da possibilidade de conseguir um bom caixa e ter o apoio do torcedor. Tecnicamente encontrou bom gramado como o Janguito Malucelli. Apoio da torcida teve nos jogos da Vila Capanema. Mas financeiramente só conseguiu bons números quando teve que jogar longe de Curitiba por punições do STJD.
Ano passado, nas duas últimas rodadas do Brasileirão, enfrentou Náutico e Vasco em Joinville, apostando na torcida de origem carioca para lucrar. O primeiro, por se tratar de um time com pouca torcida no Sul, deu prejuízo (RS 49.538,51 negativos, para 2.472 torcedores), mas contra o Vasco o lucro foi considerável. Neste jogo 8.978 torcedores proporcionaram uma renda líquida de R$ 202.043,57.
A partir deste jogo, outra punição foi gerada pelas brigas de torcedores: cinco jogos longe de Curitiba (mais quatro com portões fechados). Na primeira rodada do Brasileirão o Furacão enfrentou o Grêmio em Florianópolis. Novamente confiante no potencial dos torcedores rivais, o Atlético conseguiu levar 2.495 torcedores ao Orlando Scarpelli. Graças a um aluguel baixo, cerca de R$ 13 mil, conseguiu lucrar R$ 98.612,57.
A grande tacada da diretoria foi o jogo contra o Cruzeiro. Na terceira rodada o time apostou em enfrentar o adversário mineiro no estádio Mané Garrincha, em Brasília, na esperança de aproveitar a grande presença de mineiros na região. O público pagante nem foi tão expressivo (11.887, sendo que apenas 72 sócios atleticanos segundo borderô), mas com ingressos a preços bastante salgados, a renda bruta foi de R$ 863.335,00. Os gastos também foram altos, mas o lucro atleticano foi de R$ 331.767,43.
Os jogos contra o Coritiba e a Chapecoense não devem representar um ganho financeiro ao clube. A partida seguinte sim. Contra o São Paulo a intenção é jogar em Uberlândia, Minas Gerais, para aproveitar a grande influência que o estado vizinho exerce por lá.