Como fazer para transformar míseros 4 ou 6% de chances de subir em 100%? Para alguns, só o trabalho aliado a muita sorte e uma improvável combinação de resultados nas duas últimas rodadas do campeonato brasileiro da série B.
Outros, no entanto, devem apelar para rezas, forças ocultas, misticismos, supertições e o que mais estiver à mão na crença de cada um para o Coritiba fazer o impossível acontecer e voltar à elite do futebol brasileiro, já na próxima temporada. Feitiço é o que não falta para fazer o alviverde ultrapassar seus concorrentes diretos e os bruxos põem fé na receita.
?Eu me agarro aqui dentro do campo e tenho que agarrar as bolas. Tenho que procurar segurar o máximo, não sofrer gols e essa é a melhor segurança que a gente pode ter?, aponta o goleiro Kléber, que volta ao time no lugar de Artur, suspenso. Para ele, não há alternativa. Mesmo respirando por aparelhos, o Coxa precisa manter a motivação e trabalhar para vencer os jogos que restam, sem mandinga nenhuma. ?Temos que agarrar um ao outro para que a gente possa ficar mais forte. Mais a fé nunca acaba, para a vida inteira?, destaca o arqueiro.
No entanto, não é só o trabalho no CT da Graciosa que poderá ajudar o Coritiba a subir para a série A, quando pouca gente continua apostando no time do Alto da Glória. Quem é adepto de bruxaria já começa a mexer seus pauzinhos e também apostar em seus ?trabalhos?. Receitas para feitiços é o que não falta para quem quer levar vantagem sobre concorrentes numa disputa tão ferrenha quando a Segundona está para América/RN, Náutico, Paulista e Coritiba.
Escrever o nome de sua equipe entre velas brancas e o nome dos concorrentes entre velas pretas, esperar queimar tudo, enrolar os resíduos e largar numa esquina é o que manda a receita, mas os próprios bruxos consideram que usar a magia para motivos pouco nobres não é lá muito recomendável. ?Conseguir um emprego, arranjar um companheiro, tornar-se mais atraente, saldar as dívidas, afastar um desafeto e outros motivos comuns alegados para a prática da magia são profundamente individualistas e derivam da incapacidade de lidar com uma crise conjuntural ou pessoal?, pondera Jan Duarte, no site Bruxaria.Net.
Nada que a torcida alviverde já não tenha sentido em toda a temporada com a apreensão de disputar uma Segundona e ver o time com pouca reação para subir. Tanto que, sem magia nenhuma e apenas indignação contra a atual situação, torcedores ou meros vândalos pixaram as paredes do Couto Pereita com palavrões e ?Fora Gionédis? numa referência ao comandante máximo do alviverde.
Situação de Gionédis está cada vez mais complicada
Os bastidores do Coritiba ferveram após a derrota de sábado para o Atlético-MG. Com a diminuição drástica das chances de retornar à Série A, as paredes do Couto Pereira amanheceram pichadas com mensagens contra o presidente Giovani Gionédis. Não bastasse isso, a mesa diretora do conselho deliberativo resolveu acelerar o processo de impeachment e encaminha esta semana documentos com a suposta assinatura de Evangelino da Costa Neves para a perícia.
?Nós estamos dando o encaminhamento do pedido à perícia para acelerar o andamento do processo, que ficou parado porque o Evangelino trouxe um fato novo e a mesa precisou se reunir?, revelou Júlio Militão da Silva, presidente do conselhão. Segundo ele, na semana passada o processo também não andou para não desviar o foco da busca da classificação à primeira divisão. ?Era uma questão de bom senso.
Mas a perícia vai ser realizada?, garante Militão.
Já a assembléia de sócios para votação do processo contra Gionédis ficou só para o ano que vem. ?Lamentavelmente. Todos tinham pressa, mas este ano não haverá disponibilidade de tempo?, aponta. Apesar do processo andar, Gionédis continua dizendo que os perdedores estão chorando.
?As pessoas que perderam a eleição que se preparem para a próxima, em dezembro do ano que vem?, dispara.
De acordo com ele, nem tudo está perdido ainda.
?O Coritiba ainda tem chance de chegar lá?, projeta. Mesmo assim, os funcionários do Alviverde tiveram trabalho para limpar as paredes do Couto, na Rua Mauá. Entre palavrões, os pichadores pediram ?Fora G.G.? e mostraram o inconformismo com a atual diretoria.