Atacantes da seleção de Parreira vivem inferno

São Paulo (AE) – Se os atacantes da seleção de Carlos Alberto Parreira imaginavam que a má fase se limitaria à Copa do Mundo, erraram. E por muito. Passados quase três meses da eliminação do Brasil diante da França – e da enxurrada de críticas -, Ronaldo, Adriano e Robinho tentam retomar o bom futebol.

Mas não conseguem. A exceção nesse grupo dos quatro jogadores de ataque brasileiros é Fred, que, ao contrário dos colegas, tem jogado bem, feito gols e subido bastante no conceito dos europeus.

A maldição do mundial da Alemanha parece ter atingido três dos melhores jogadores brasileiros dos últimos anos. Que eles se abateram com a surpreendente derrota para a França, em 1.º de junho, não resta dúvida. Mas já faz tempo e a boa fase e os gols custam a voltar.

O caso mais crítico, sem dúvida, é o de Adriano. Aos 24 anos, ele ainda é um dos mais valorizados atletas do futebol mundial. Mas, a cada semana, cai no ranking. No primeiro jogo oficial da temporada pela Internazionale, em agosto, não poderia ter tido mais falta de sorte. Na decisão da Supercopa Italiana, jogou mal, não fez gol e foi substituído por Crespo quando sua equipe perdia para a Roma por 3 a 1. A Inter virou e venceu o clássico por 4 a 3.

Roberto Mancini lhe deu mais algumas oportunidades, mas o atacante revelado pelo Flamengo seguiu falhando. Depois da derrota para o Sporting, em Lisboa, por 1 a 0, na estréia do time na Copa dos Campeões, o treinador o criticou. E, em seguida resolveu colocá-lo no banco. Hoje, diante do Chievo, ele deverá iniciar o jogo, já que o sueco Ibrahimovic foi liberado por causa do nascimento do primeiro filho. ?Espero um rendimento diferente do Adriano?, declarou Mancini.

Ronaldo luta, mais uma vez na carreira, contra problemas físicos. O Fenômeno, aos 30 anos, se recupera de cirurgia no joelho esquerdo e deverá voltar ao Real Madrid no mês que vem. Ainda não atuou na temporada. Fábio Capello conta com ele no time. Mas avisa: ?Ele está com o joelho bom, sem dores, emagreceu, mas ainda precisa perder peso?. Com a chegada do holandês Van Nistelrooy a Madri, o brasileiro precisará estar em forma se quiser ser titular.

Especulou-se uma troca de Ronaldo por Adriano após a Copa, mas Inter e Real não chegaram a acordo. Se a situação deles não melhorar nos próximos meses, é possível que o negócio seja efetuado na reabertura do mercado, em janeiro.

Robinho, seu amigo e colega de ataque do Real, tem sofrido nas mãos do comandante italiano. Durante a semana, foi cobrado em treinamentos por Capello, que ainda não ficou convencido de seu talento. Na estréia do Real na Copa dos Campeões, ficou na reserva e só entrou no segundo tempo da derrota para o Lyon. ?Sei que preciso melhorar, mas tenho condições de ser titular.? O garoto de 22 anos ainda não fez gol em jogos oficiais após a Copa e provoca desconfiança na imprensa e nos torcedores, apesar da comprovada habilidade.

De bem com a vida

Fred, do Lyon, é o único atacante brasileiro convocado por Parreira na Copa que não tem motivos para reclamar. Vive excelente momento na França, é ídolo no país e vem fazendo gols de todos os jeitos. Contra o Real, pela Copa dos Campeões, há pouco mais de 10 dias, marcou um golaço. ?Foi um dos mais importantes da minha carreira?, disse ao Estado. ?Pela qualidade da nossa equipe, vamos brigar pelo título?, prosseguiu. ?O único time que está acima de todos é o Barcelona.? O maior objetivo do clube, no entanto, é garantir o hexacampeonato nacional, algo inédito na França.

Por onde anda, nas ruas de Lyon, é cumprimentado pelas pessoas. Além do bom futebol, é respeitado pelo comportamento fora de campo. Vive com a mulher e o filho e costuma ser caseiro. Não gosta de noitadas. O artilheiro mineiro só não ganha em popularidade hoje, em Lyon, de Juninho Pernambucano, um dos maiores ídolos da história da agremiação. ?Ele é rei, torço para que seja presidente do Lyon um dia, porque, daí, vai sempre renovar meu contrato?, brincou. Fred deve, num futuro breve, alçar vôos mais altos. Grandes clubes da Espanha e da Itália estão de olho em seu futebol.

Na Alemanha, recebeu poucas oportunidades de Parreira. Mesmo assim, deixou sua marca. Fez um gol contra a Austrália, na primeira fase. Depois daquela partida, esperava novas chances, que não apareceram. ?É claro que, depois do gol, fiquei ansioso para entrar, mas não fiquei bravo, porque sabia que havia outros ótimos jogadores?, comentou. ?Ao contrário do que muitos disseram, o clima na seleção durante a Copa era muito bom, todos se davam bem, não houve problemas?, prosseguiu. ?Perdemos porque não jogamos bem.?

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