O Brasileirão vai chegando à sua reta final e mesmo após 38 jogos o centroavante Galvão mantém um relacionamento turbulento com a galera tricolor. Se o atacante tenta um drible ou erra um passe, a marcação é forte e cruel: dá-lhe vaia. A comissão técnica não entende o porquê desse desgaste e exalta a importância tática do atleta.
Galvão assegura que já aprendeu a conviver com essa pressão e que ela não afeta seu rendimento. Mas, deixa visível sua frustração por não receber um maior incentivo do torcedor.
“Acho que a origem de tudo foi aquele período onde sofremos seis derrotas consecutivas”, lembrou o jogador. Isso ocorreu entre a 19.ª e a 24.ª rodadas do campeonato brasileiro, quando o tricolor mergulhou na sua maior crise e chegou à lanterna da competição. Nesta fase – sob o comando do técnico Gilson Kleina – o atacante não fez um gol sequer, o que pode ter gerado essa “crise de relacionamento”. “Sei que sobre o camisa 9 recai a responsabilidade de fazer gols. É normal. Só que o time se recuperou, mas continuei marcado”.
O técnico Paulo Campos é o primeiro a defender seu pupilo. “É só ver o custo-benefício desse jogador para se ter noção de sua importância para o grupo. Ele passou o campeonato inteiro sem lesões e esteve em campo em quase todos os jogos”, comentou o treinador paranista. “E, fez gols decisivos em momentos difíceis”. Galvão só não esteve em campo por três vezes na competição, contra Ponte Preta, Grêmio e Internacional, no primeiro turno. Contra o colorado gaúcho ficou no banco, mas não foi utilizado. Em outros dois jogos – também sob direção de Kleina – ficou no banco e só entrou no segundo tempo, diante de Goiás e Santos.
Galvão já teve que engolir a ironia da torcida paranista, que gritou em coro: “Ão, ão, ão, Galvão é seleção”. “É uma fase que quero esquecer e sei que só com boas atuações e gols posso mudar essa imagem. No momento, porém, é o que menos importa”. Em total sintonia com o grupo e com a comissão técnica, Galvão aceita sacrifícios pessoais em busca do objetivo comum: a permanência na primeira divisão. “Faltam apenas oito rodadas. Temos que dar tudo nestas decisões, pouco importando quem fará os gols, desde que eles saiam”.
O centroavante não está “marcado” tão somente por zagueiros adversários e pela torcida paranista. Galvão vem sendo perseguido também pelos árbitros. Ele já balançou as redes treze vezes, mas, para a CBF, tem apenas onze gols. Tudo por conta de erros de Carlos Eugênio Simon e Elvécio Zequetto. Eles, em súmula, creditaram a Wiliam (contra o Flamengo) e Messias (Corinthians), os gols marcados pelo artilheiro tricolor. “Sei que o clube enviou fitas para a CBF, mas não sei se haverá mudança ou não”, disse.
O atacante está, agora, concentrado no jogo do próximo sábado, frente ao desesperado Grêmio. “Será uma guerra”, frisou. Sem nunca ter questionado o fato de atuar sozinho no ataque – o Paraná lança mão de três meias ofensivos no setor de articulação – ele só espera ser bem municiado no duelo com os gaúchos. “O esquema é bom para mim, desde que os meias encostem e me procurem para as tabelas. Em algumas partidas, tenho ficado muito tempo fora do jogo”, comentou.
Quem tem que pressionar é o Paraná, diz treinador
O técnico Paulo Campos quer um time equilibrado e com muita garra. Ele iniciou a semana exemplificando o que deseja da equipe no jogo frente ao Grêmio. “Precisamos unir o que fizemos no segundo tempo do jogo frente ao Corinthians e no primeiro tempo da partida contra o Figueirense”, resumiu. Estes foram, das recentes atuações, os melhores momentos do Tricolor. “Num jogo, fizemos 2×0. No outro, encurralamos o adversário e só não viramos o jogo porque o Fábio Costa estava inspiradíssimo”, lembrou o treinador.
A rodada do fim de semana é decisiva, pois em dois jogos estarão frente a frente os quatro últimos colocados do Brasileirão. Paraná x Grêmio e Flamengo x Guarani jogam simultaneamente no sábado, às 18h. Se por um lado o time gaúcho vem para este jogo tentando reacender suas esperanças de permanência na Série A – pelos cálculos, o Grêmio precisa de seis vitórias em sete jogos – o Paraná faz partida “de vida ou morte”, segundo seu treinador. “É uma partida perigosíssima, pois o adversário vem para tudo ou nada e caberá a nós não entrarmos na pressão do Grêmio”, explicou.
“Quem tem que colocar pressão no jogo é o Paraná”, disparou. Independente dos desfalques do time gaúcho, Paulo Campos espera um jogo tenso. “O Grêmio vem mordido pelo que aconteceu no jogo contra o Palmeiras”. Ao mesmo tempo que busca evitar que a ansiedade atrapalhe seu time, não esconde dos atletas que é fundamental vencer este jogo. Com três pontos, além de vislumbrar uma possibilidade de escapar da zona de rebaixamento já nesta rodada, o Paraná abriria nove pontos do Grêmio, praticamente eliminando um adversário nesta disputa.