Depois de assumir o doping sistemático em entrevista à apresentadora norte-americana Oprah Winfrey, o ex-ciclista Lance Armstrong voltou a falar em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo site Cyclingnews. Ali, mudou o tom e desabafou. Disse que não pode ser tratado como bode expiatório e afirmou que uma “comissão da verdade” é o único caminho para que o ciclismo resolva seus problemas com o doping.
“Nenhuma geração foi exemplo de limpeza: nem de (Eddy) Merckx, nem de (Bernard) Hinault, nem de (Greg) LeMond, nem de (Fausto) Coppi, nem de (Felice) Gimondi, nem de (Miguel) Indurain, nem de (Jacques) Anquetil, nem de (Gino) Bartali, nem a minha”, afirmou Armstrong, citando muitos dos principais nomes do ciclismo de todos os tempos, indicando que ele não é o único ídolo que se dopou.
Lance Armstrong, que perdeu praticamente tudo que conquistou na carreira, de medalhas a prestígio, correndo o risco de ser condenado a devolver até dinheiro, lembrou que “o linchamento público de uma pessoa não vai resolver o problema”. Por isso, ele pediu a instauração de uma “comissão da verdade e da reconciliação”, que seria liderada pela Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês).
“Não se trata de um homem, de uma equipe ou de um dirigente. Se trata de ciclismo e, para sermos sinceros, de todos os esportes de resistência”, comentou ele, pedindo que haja uma anistia completa, para que todos possam confessar o doping e, assim, ajudar a acabar com a prática. “Qualquer ciclista vivo que participou de uma grande Volta ou de um Mundial deveria falar. Minha ideia sua ambiciosa, mas as autoridades mostraram que, no que tange ao ciclismo, nada prescreveu.”
Na entrevista, Armstrong criticou duramente o presidente da União Ciclística Internacional (UCI), Pat McQuaid. Disse que conversou com o dirigente “meses e meses atrás” sobre a necessidade de se discutir o doping e não foi ouvido. “Pat está constantemente tentando proteger o seu traseiro. Patético!”