Mais uma vez, apesar dos pedidos desesperados de torcedores, a seleção argentina e suas autoridades não pagarão uma promessa religiosa feita em 1986 à Virgem de Copacabana del Abre de Punta del Corral, mais conhecida como a “Virgem de Tilcara”, cuja capela está no vilarejo de Tilcara, no sopé da Cordilheira dos Andes, na província de Jujuy. O problema, segundo parte da ‘hinchada’, é que a Argentina não vencerá Copa alguma enquanto a seleção não cancelar a dívida ‘celestial’ contraída com a Virgem.
A promessa foi feita em 1986, quando o então técnico Carlos Bilardo levou catorze jogadores, incluindo Diego Armando Maradona, para uma semana de treinamentos em um lugar de elevada altitude, Tilcara, a 2.465 metros acima do nível do mar. O objetivo de Bilardo era preparar o time para a cidade do México. Ali, em conversas com os tilcarenses, Bilardo foi informado dos poderes da Virgem da pequena igreja do vilarejo. Na sequência, o técnico decidiu levar os jogadores até a frente do altar. Ali prometeram que, caso conquistassem a Copa do Mundo, voltariam a Tilcara para levar o troféu perante a Virgem.
Meses depois a Argentina venceu a Alemanha por 3 a 2 na decisão e levou a taça. No entanto, Bilardo e os jogadores nunca mais voltaram a Tilcara. A Virgem ficou sem o troféu, fato, que, segundo os moradores, constituiu uma afronta com a mãe de Deus. Coincidentemente, a seleção nunca mais venceu uma Copa do Mundo.
Os tilcarenses sustentam que a única forma de acabar com a maldição que pesa sobre a seleção é a de levar a Copa até a igrejinha, e assim, cancelar o calote celestial. No entanto, há vários anos o clero local sustenta que seria necessário que os autores da promessa – Bilardo e todos os jogadores de 1986 – compareçam a Tilcara. Mas, para pagar a dívida de forma integral, teriam que cumprir a promessa de levar o troféu. Não há mais tempo para isso em 2014, pois a cobiçada taça já está no Brasil.
Em 2010 um movimento nas redes sociais tentou convencer Maradona a pagar a promessa à Virgem de Tilcara de alguma forma. O técnico ignorou esses pedidos dos torcedores mas fez uma promessa de índole pessoal, jurando que, na hipótese de voltar vitorioso da África do Sul, ficaria nu e correria como Deus o trouxe ao mundo ao redor do Obelisco, o monumento símbolo de Buenos Aires. Na época muitos torcedores optaram por torcer contra a própria seleção para evitar o temível espetáculo de ver Maradona correndo em círculos ao redor de um monólito de cimento exibindo sua anatomia reprodutiva.