Três vitórias em três jogos não foram suficientes para acabar com a desconfiança sobre a Argentina na Copa do Mundo. Nem mesmo o técnico Alejandro Sabella acredita que a sua seleção já justificou a condição de favorita no Brasil. Uma nova oportunidade para tanto surgirá contra a Suíça no estádio Itaquerão, em São Paulo, às 13 horas desta terça-feira, quando os argentinos tentarão conquistar mais um triunfo, desta vez buscando o tão almejado “equilíbrio” entre a limitada defesa e poderoso ataque.
Será o momento perfeito para a Argentina mostrar que enfim pode ter eficiência nos dois setores. Afinal, um revés custará o fim da trajetória dos comandados de Sabella em solo brasileiro. E o duelo contra esta jovem geração suíça será o mais complicado dos argentinos até agora na Copa. Para os europeus, um triunfo marcaria um das maiores conquistas da história da seleção, que não alcança as quartas de final desde 1954.
Favorita, a Argentina não nega que a sua principal arma é mesmo Lionel Messi, autor de quatro gols em três jogos na Copa. É justamente por causa da dependência do craque que Sabella tenta equilibrar seu time, algo ainda não alcançado no Brasil. “O futebol moderno exige que os times sejam mais curtos, entre as linhas de defesa e ataque. E é isso que vamos buscar”, avisou o treinador.
Sabella atribui essa dificuldade da seleção argentina à velocidade dos seus atacantes. “Às vezes surge essa distância entre defesa e ataque porque temos atacantes muito rápidos. Os defensores não conseguem acompanhar essa velocidade”, diagnosticou o treinador, ainda insatisfeito com seu time. “O adversário tem que ter dificuldade em se aproximar da nossa defesa e nosso ataque deve ter poder de fogo. É preciso ter equilíbrio”.
Este objetivo pode ser alcançado nesta terça com uma mudança na equipe. Sergio Agüero, machucado, vai dar lugar a Ezequiel Lavezzi. O atacante deve dar novo fôlego ao meio de campo por ter maior poder de marcação e por estar em melhor forma – Agüero chegou à Copa abalado fisicamente por causa da sequência de lesões na temporada europeia.
Deve ser a única alteração no time em relação ao jogo passado, quando a Argentina venceu a Nigéria com sua melhor apresentação no Mundial. E não deve alterar o estilo de jogo mais ofensivo do time. Com a confiança do treinador, Lavezzi é o 12.° jogador do time, opção quase certa de Sabella no segundo tempo dos jogos no Mundial.
“Lavezzi passou o todo tempo conosco, desde as Eliminatórias. Quase sempre entrou no segundo tempo e nunca fez cara feia por isso. Nunca reclamou, nunca falou algo errado. E sempre animou o grupo. Tem um comportamento exemplar”, enumerou o treinador. Se for bem, garantirá seu lugar no time titular, uma vez que a lesão pode tirar Agüero da Copa.
Se o poder ofensivo parece intacto com a troca, a defesa segue preocupando. Contra os suíços, a zaga terá seu maior desafio nesta Copa. O principal alvo será Xherdan Shaqiri, autor de três gols sobre Honduras na rodada final da fase de grupos. Reserva do Bayern de Munique, o meia-atacante se destaca pela velocidade, boa movimentação e finalização.
Além de Shaqiri, de apenas 22 anos, a Suíça conta com o meia Xhaka e o atacante Drmic, ambos com 21. Nesta Copa, Xhaka marcou um dos gols suíços na derrota por 5 a 2 na primeira fase. Com rapidez e boas trocas de passe, os jovens suíços têm tudo para atazanar os zagueiros Garay e Fernández.
A defesa suíça, por sua vez, terá a missão de parar Messi. Depois de uma fraca temporada no Barcelona, o atacante parece ter guardado todo o seu arsenal para a Copa e está carregando a Argentina nas costas. Dos seis gols da equipe (um deles contra), Messi marcou quatro, fazendo a torcida sonhar com a repetição da liderança de Maradona na conquista do título de 1986.
Para segurar o ímpeto de Messi, o técnico Ottmar Hitzfeld terá mudanças táticas na equipe. Sem dar detalhes sobre posicionamento ou escalação, ele apenas mostra confiança em sua estratégia antes da partida decisiva. “Amanhã (terça) vamos mostrar como faremos isso”, avisou.