E o estádio? “É inacreditável que este estádio esteja pronto”. A resposta não partiu de um torcedor ou de alguém que participou da obra de remodelação e ampliação do Joaquim Américo. Foi ouvida pela equipe Tribuna 98 de um dos mais importantes políticos do Estado. Pelo cargo que ocupa, ele acompanhou todo o processo, principalmente da complicada engenharia financeira que permitiu que a Arena da Baixada ficasse pronta e virasse palco da Copa do Mundo. “Dois dias antes do primeiro jogo estavam arrumando fios desencapados”, completou ele, que se surpreendeu na primeira ida a um jogo do Mundial.
Não só ele mas todos se surpreenderam. Quem esteve no jogo-teste entre Atlético e Corinthians, no dia 14 de maio, a um mês do início da Copa, não imaginou que a obra se encerraria. Sendo sincero, a obra realmente não se encerrou. É evidente que a Arena precisa do acabamento em todos os setores. Como disseram alguns jornais espanhóis, a Baixada ficou perfeita para as câmeras da TV e para a Fifa, mas ainda tem muita coisa para ser feita internamente. E novidades
Na avaliação oficial, o estádio foi aprovado com louvor. Na primeira rodada, ficou como o melhor local de jogos entre os doze da Copa – superando estádios prontos há tempos como a Fonte Nova e o Castelão, mais caros como o Nacional de Brasília e o Itaquerão ou mais badalados como Maracanã e Mineirão. A festa que Curitiba viveu ampliou essa visão totalmente positiva, com torcedores tendo tranquilidade para entrar e sair da Baixada, para se deslocar pela cidade, para manifestar sua torcida (fosse equatoriano, iraniano, argelino, atleticano, coxa-branca ou paranista) e para curtir tudo dentro do “padrão Fifa”.
Mas foram surgindo os pontos fora dessa curva que parecia um sorriso. Deslizes no acabamento, na limpeza, situações bizarras como o banheiro duplo (que só depois da ampla divulgação que foi explicado que seria um “banheiro família”) e os dois principais problemas. O gramado foi o calcanhar de Aquiles da Baixada, sendo motivo de reclamação da maioria das seleções que passaram por aqui. “Não há como controlar a bola em um campo desses”, disse o técnico da Argélia, Vahid Halilhodzic. Quatro treinos foram suspensos, e a tendência é que o Atlético faça uma reforma no gramado imediatamente após retomar o estádio.
O outro problema foram os pontos cegos. O que parecia uma brincadeira de redes sociais acabou confirmada por funcionários do Furacão, que explicaram que o problema – escancarado pelo torcedor Adamor Otto em sua página no Facebook – se deve às marquises da antiga área VIP que não puderam ser modificadas. Não é apenas um local sem visibilidade, são cerca de vinte lugares, que deverão ser bloqueados pelo clube para que não sejam vendidos.
Além dos dois pontos que geraram críticas, o Atlético trabalhará na limpeza da Arena, fator que também foi apontado como problemático nos jogos. Mas poderá fazer isso com tempo, pois o clube terá que cumprir quatro jogos de suspensão com portões fechados pelo Campeonato Brasileiro, além de poder priorizar os ajustes, pois a estrutura passou bem pelo teste da Copa do Mundo.
Na reabertura com torcida, a princípio no feriado da Independência no jogo contra o Palmeiras pelo Brasileirão, o torcedor verá mais uma novidade – o teto retrátil. Como a Tribuna 98 anunciou em 7 de abril, o clube vai aproveitar os próximos meses para instalar o teto. Toda a estrutura está no Brasil, falta apenas colocar na “tampa do Caldeirão”. “As roldanas estão prontas para receber a estrutura”, afirmou à época o coordenador estadual da Copa, Mário Celso Cunha. Essa será a grande atração do que dentro do Furacão se chama de “festa de inauguração” do novo Joaquim Américo.
E aos poucos a Arena vai ficar pronta de verdade. A história do Joaquim Américo, que completa cem anos em setembro, segue sendo escrita, mas a nova Baixada apenas escreveu sua primeira página. E que página.