Enquanto o Brasileirão pega fogo, a Série C dá a largada neste final de semana a sua fase de mata-matas. No país dos contrastes, as diferenças entre a rica Série A, com craques badalados e recorde de gols, e a pobre Terceira Divisão, dos Abaetés (PA) e Coruripes (AL), tem reflexos até para os árbitros, que praticamente pagam para apitar jogos.
É o caso do paranaense Francisco Carlos Vieira, que dirige neste domingo Cene (MS) x Ceilândia (DF). Como a CBF não paga avião ao árbitro na Terceirona (os assistentes são locais), ?Carlão? recebeu passagem de ônibus para percorrer os 900 quilômetros entre Curitiba e Campo Grande (MS). ?É muito desgaste, que pode até prejudicar a atuação. Prefiro pagar um vôo do bolso?, conta o árbitro.
Assim, Carlão vai gastar R$ 510 em passagens aéreas, para receber um total de R$ 572 (R$ 350 da taxa de arbitragem mais R$ 222 do reembolso dos tíquetes de ônibus não utilizados), além de duas diárias de R$ 120. ?Se eu pegar um hotel razoável e somar com o dinheiro do táxi, dá elas por elas?, contabiliza o árbitro. E não se pode abdicar da escala, pois a desistência de uma partida, sem justificativa, é punida com suspensão pela Comissão Nacional de Arbitragem.
Carlão contesta o critério para escolha da origem dos árbitros. ?Poderiam pegar alguém de perto. Às vezes me pergunto o que foi que eu fiz?, conta, rindo.
O outro árbitro paranaense escalado na Série C teve mais sorte. Ito Dari Rannov terá pela frente apenas 130 quilômetros de Curitiba até Joinville, onde o JEC recebe o Glória (RS), domingo.
O único time do Paraná que restou na Terceirona é o Londrina, que enfrenta o Paranoá (DF), domingo, às 15h30, em Brasília. O árbitro é Ramon Rodrigues, de Goiás.