Os árbitros filiados ao Departamento de Arbitragens da Federação Paranaense de Futebol têm cerca de R$ 120 mil de taxas atrasadas com os clubes de futebol. A dívida, pelo jeito, vai se arrastar por muito tempo, até que uma entidade com representatividade tome a frente e cobre em nome dos filiados. Pelo andar da carruagem, esta entidade tem tudo para ser o futuro Sindicato dos Árbitros do Paraná, cujo processo está tramitando no Setor de Registros Sindicais do Minstério do Trabalho, em Brasília, aguardando a carta sindical para a instalação.
Esta e outros reivincidações estão nos planos dos árbitros que deverão compor a primeira diretoria. Ela é liderada por Amorety Carlos da Cruz, provável presidente, e Airton Nardelli, o mais cotado para assumir o setor financeiro. São eles que estão tratando de toda a documentação, como o registro no Ministério do Trabalho, com o apoio do deputado federal Gustavo Fruet, vice-presidente do PMDB na Câmara Federal, que acompanha a inscrição em Brasília. O protocolo deu entrada em 21 de fevereiro.
Enquanto isso, em Curtiba o futuro sindicado já é pessoas jurídica, com CNPJ, conta bancária e até contatos para voltar a dividir com o sindicato dos alfaiates a sede social, que já chegou a ser usada pelos próprios árbitros. São mais de 500, entre ativos e inativos, para atender as 52 disputadas do calendário da Federação Paranaense de Futebol, além de CBF, Conmebol e Fifa.
Já existem sindicatos de árbitros em 14 estados. O do Paraná é uma antiga reivindicação dos apitadores, até hoje representados pela associação dos árbitros, mas que vem sendo marcada por omissão ou desorganização. No último dia 8, cerca de 120 árbitros passaram poderes ao diretor do Departamento de Árbitros da FPF, Fernando Luiz Homann, para que ele representasse a classe junto à Federação. Paralelamente a isso, o presidente da associação, Nelson Orlando Lenkhuln, pediu 120 dias para prestar contas das últimas administrações.
Os árbitros que representam a oposição à associação argumentam que pouca coisa é feita pela categoria, como reciclagem, treinamentos, preparação física, além de um demonstrativo financeiro. Seu próprio tesoureiro Airton Nardelli -coincidentemente futuro tesoureiro do sindicato – lembra que nunca assinou um chute ou pegou em dinheiro. Eles recordam, por exemplo, que a atual diretoria, eleita em 2000, ainda não foi empossada. Portanto, a administração dos últimos três anos é ilegal.
Com a chegada da carta de criação do sindicato, os árbitros deverão procurar o presidente da Federação, Onaireves Moura, e pleitear o direito de representar os filiados junto à entidade. O sindicato, como ocorre com a associação hoje, não tem influência ou ingerência nas escalas, atribuição exclusiva do diretor do departamento na FPF.
Paralelamente a isto, tramita em Brasilia o projeto de lei 6.405/2002, cujo relator é o deputado Bonifácio Andrada, do PSDB-MG, visando a regulamentação da profissão de árbitro de futebol. O projeto está na Comissão de Cultura e Desporto da Câmara e vai tratar, entre outras coisas, do direito de arena, antiga revindicação dos homens de apito, como já ocorre com os jogadores.