João Vítor se esforça para sair da marcação de três jogadores do Bugre. |
O empate frustrou as pretensões do Paraná Clube, que deixou, assim, de abrir quatro pontos de vantagem sobre um concorrente direto na luta contra o rebaixamento. Tomando-se por base o jogo e não a situação delicada do Tricolor, o empate sem gols, frente ao Guarani, não foi de todo ruim. O adjetivo é melhor aplicado ao nível técnico da partida, uma das piores do Brasileirão, com toda a certeza. Poucos lances de emoção, arbitragem tendenciosa e o resultado não poderia ser outro.
Desta vez, nem as cobranças de faltas de Cristian resolveram. Com o pé “descalibrado”, não levou perigo ao goleiro Jean. A rigor, somente em lances de bola parada o Paraná deu a seu torcedor a expectativa de gols. Do outro lado, um time bem ruinzinho que, mesmo com um jogador a mais em grande parte da partida, não ousou em momento algum, dando a impressão que o zero a zero lhe satisfazia. Difícil é entender como o Guarani, lanterna da competição, pôde aceitar passivamente o resultado, indo à frente somente em raros contragolpes.
O próprio técnico Paulo Campos, um entusiasta por natureza, destacou somente a garra do seu time, que mesmo com a injusta expulsão de Beto somou ao menos um ponto. “O segundo tempo foi muito ruim. Abusamos da ligação direta e não tivemos tranqüilidade para colocar a bola no chão”. Por tudo isso, considerou o resultado aceitável. “Mostramos que temos um grupo de leões, que estão superando até as arbitragens ruins”. Para o treinador, a partir desta semana, com a volta de muitos jogadores que estavam no departamento médico como Axel e Messias e a integração dos recém-contratados Émerson, Marquinhos e Marcelo Passos, o Tricolor tende a crescer, em um momento decisivo.
Andarilho
Por “uns trocados” a mais o Paraná Clube já admite abdicar de sua torcida. Tudo bem que a média de público do Tricolor é desanimadora e em grande parte dos jogos o borderô foi deficitário. Essa é a justificativa da diretoria, que pensa seriamente na proposta para a realização de seu jogo frente ao Corinthians na cidade de Foz do Iguaçu. Na próxima semana, o jogo diante do Vasco da Gama, já teve sua transferência para Paranaguá homologada pela Confederação Brasileira de Futebol.
Decisões que caminham na contramão daquilo que a comissão técnica vem pregando. O técnico Paulo Campos, antes do jogo frente ao Guarani, pediu insistentemente o apoio do torcedor. Mesmo contra o pior time do Brasileirão, quase três mil torcedores pagaram ingressos. A diretoria disse desconhecer problemas nas bilheterias, mas houve confusão do lado de fora do Pinheirão e mais de 500 torcedores não conseguiram acesso ao estádio. “Havia ingresso à disposição, tanto que não vendemos a carga total sequer do setor da promoção”, resumiu o presidente José Carlos de Miranda.
Gaciba “ajuda” e tira dois pontos do Tricolor
Cristian Toledo
Falar o quê? Por mais que o árbitro Leonardo Gaciba da Silva tenha atrapalhado, expulsando o volante Beto, o Paraná não fez nada nos noventa minutos do jogo contra o Guarani que justificasse uma lamentação por uma má apresentação.
“O resultado não teve gosto de nada”. A frase do goleiro Jean, do Guarani, foi lapidar, e resume como nenhuma outra poderia resumir a fraqueza técnica dos dois times, que com o empate seguem na zona de rebaixamento. Além disso, a perda de dois pontos dentro de casa representa uma “derrota” para o Tricolor. “Que m… Quer dizer, que droga”, falou, com franqueza, o armador Cristian, um dos poucos destaques da partida, ao lado do zagueiro Fernando Lombardi.
O jogo começou errado antes mesmo de seu início. Insuflados por imprensa e diretoria, que esperavam grande público, os torcedores foram ao Pinheirão.
A chance mais clara foi do Bugre, aproveitando a bobeada da defesa tricolor – mas, como se fosse a representação viva da partida, Harrison perdeu o gol livre. O Paraná tentava pressionar, mas errava passes, não tinha jogadas pelas laterais e sofria com o nervosismo dos jogadores, visivelmente pressionados pelo resultado e irritados com as desastradas declarações de Viola, que teria chamado os adversários do Guarani de “galinhas”. “Isso é coisa da imprensa marrom”, reclamou o veterano centroavante.
Ainda no primeiro tempo, a reclamação tricolor. Beto levou cartão amarelo, e dois minutos depois cometeu falta “de jogo” em Harrison. Leonardo Gaciba aplicou o segundo amarelo e expulsou o volante do Paraná. “Daí a gente tem que acreditar em favorecimento para o Guarani”, atirou o técnico Paulo Campos.
Para arrumar a casa, ele sacou Maranhão e colocou João Vítor, isolando Galvão na frente. O atacante, que já estava “apagado”, sumiu. Em uma tentativa ousada, o treinador paranista resolveu colocar quatro armadores: Marcel e Wiliam se juntaram a Cristian e Canindé. A tática não deu certo e quem teve o controle tático da partida foi o Guarani, sem no entanto ameaçar o gol de Flávio.
CAMPEONATO BRASILEIRO
31.ª Rodada
Local: Pinheirão (Curitiba).
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva (RS).
Assistentes: Sérgio Buttes Cordeiro Filho (RS) e Marcos Viana Ibanez (RS).
Cartões amarelos: Wiliam (Paraná). Carlinhos, João Leonardo e Roberto (Guarani).
Cartões vermelhos: Beto a 26? do 1º tempo. Patrick a 44? do 2º tempo.
Renda: R$ 28.649,00.
Público: 2.976 pagantes.
Paraná 0 x 0 Guarani
Paraná
Flávio; Etto, Fernando Lombardi, João Paulo (Wiliam) e Edinho; Beto, Éverton César, Cristian e Canindé; Maranhão (João Vítor) e Galvão (Marcel). Técnico: Gilson Kleina.
Guarani
Jean; Dida, Carlinhos, João Leonardo e Patrick; Careca, Roberto, Aílton (Valdeir) e Harrison (Simão); Viola e Valdir Papel (Catatau). Técnico: Agnaldo Liz.