Apoio. Talvez tenha sido esta a palavra mais falada no Coritiba após o empate com a Ponte Preta em 1×1, no sábado. Apesar das falhas da arbitragem, que atenuaram a atuação da equipe, o clima não era dos melhores após o jogo. E pela primeira vez desde as derrotas seguidas no início do brasileiro, a diretoria alviverde teve que dar respaldo público ao técnico Paulo Bonamigo. Isso também porque a descida do presidente Giovani Gionédis e do secretário Domingos Moro ao vestiário no intervalo do jogo gerou toda sorte de conjecturas, incentivadas com o silêncio de ambos, tanto ao chegar quanto ao sair. Para completar, Bonamigo – incomodado com o questionamento – disse que eles “não falaram nada”, mantendo a dúvida no ar.
Após a partida, Gionédis e Moro explicaram o porquê da ida ao vestiário. “Era importante a nossa presença, mostrando o apoio a todos que estavam ali”, disse o presidente, garantindo que não houve cobrança. “Nós fomos conversar. Não se vive apenas cobrando”. Para Moro, era hora de tranqüilizar o elenco. “O time nervoso, perdendo o jogo e tentando virar antes de empatar, a torcida nervosa. Nós íamos ficar impávidos e colossos no camarote?”, resumiu.
Ambos, apesar do mau resultado em casa, preferiram manter a serenidade. “Estamos no caminho, e podem ter certeza que vamos chegar lá”, afirmou Gionédis. “Se nós vencêssemos e o Inter também, de que valeria o resultado? O importante é ver que, mesmo empatando, abrimos mais uma vantagem sobre um rival direto. E esse ponto pode ser decisivo”, completou Moro.
Apesar disso, eles perceberam que Bonamigo sofria tiroteio dos críticos. Coube ao secretário fazer a defesa. “Vou falar isso porque ouvi contestações à comissão técnica. Essa equipe de trabalho é campeã paranaense invicta, foi ela quem fez esse grupo chegar aos 69 pontos. Então há competência nessa comissão, e ela vai nos levar à Libertadores”, disse.
Bonamigo, em contrapartida, estava irritado com Giuliano Bozzano. “Não quero dizer nada, mas é uma incrível coincidência. Essas coisas só acontecem com ele. Ano passado, contra o Atlético-MG, ele deu um pênalti inexistente do Adriano, e agora acontece isso”, lamentava. Sobre a presença dos dirigentes no vestiário, o técnico disse que foi uma atitude importante. “Toda ajuda é válida, ainda mais de gente presente no nosso dia-a-dia.”
E, apesar dos erros do árbitro, o treinador coxa admitiu a má atuação da equipe. “Não quero ficar justificando nada quando falo da arbitragem. Nosso primeiro tempo foi horrível, faltou força para a equipe chegar. E o adversário estava jogando tudo, lutando para escapar da zona de rebaixamento. No segundo tempo melhoramos, só que falhamos demais na conclusão”, avaliou Bonamigo.
Agora, o Cori vai para o Nordeste para duas partidas decisivas – não só no campeonato, mas também na vida do clube. “Faltam três jogos, dois são lá no Nordeste, e lá vamos ter que conseguir bons resultados”, disse o técnico. “Se o Coritiba, neste momento, não for maior que seus adversários, é porque não merece se classificar para a Libertadores”, finalizou Domingos Moro.
Ausência
Por enquanto, há apenas um desfalque certo na equipe para o jogo contra o Vitória, próximo domingo, no Barradão: o zagueiro Edinho Baiano, que levou o terceiro cartão amarelo. A direção alviverde decidiu que a delegação viaja na sexta para Salvador, joga no domingo e na terça seguinte vai a Fortaleza, lá ficando até o jogo contra o tricolor cearense, no dia 7 de dezembro.
Muita vontade do time e pouca da arbitragem
Por mais que se reclame do Coritiba, não se pode falar de falta de vontade. E foi com essa virtude que a equipe conseguiu o empate contra a Ponte Preta em 1×1, sábado, no Couto Pereira. Dessa vez, também pode se reclamar da arbitragem, já que Giuliano Bozzano invalidou um gol legal e não deu um pênalti para o Coxa, que sobe a 69 pontos e fica em posição delicada na briga por uma vaga na Libertadores.
O Couto Pereira estava remodelado e adaptado ao Estatuto do Torcedor. Todo demarcado e com sistema de vigilância, o estádio recebia pequeno público, mas os que lá estavam acreditavam na nova motivação do time pós-viagem a Foz do Iguaçu. As esperanças eram Marcel, que voltava da seleção olímpica, e Edu Sales, que partia para o sacrifício. Do lado da Ponte, era visível a preocupação com a possibilidade crescente do rebaixamento.
Cumprindo a promessa de Paulo Bonamigo, o Cori partiu para cima. Só que desde o primeiro minuto abriu espaços em demasia para a Ponte, que assumiu o controle da partida. Tanto que aos 9 minutos Ronildo recebeu livre e foi derrubado por Fernando. Na cobrança, Adrianinho abriu o placar. Se a situação já era grave com o empate, perdendo o jogo o Coritiba era obrigado a partir incessantemente para o ataque. Só que as oportunidades mais claras eram da Macaca: aos 23, Fernando teve que impedir a chegada da Ponte com Lucas.
E a pressão, que Bonamigo tanto queria tirar dos ombros dos jogadores, fazia a equipe errar passes, falhar em lances simples e levar a torcida ao desespero. Apenas aos 33 minutos o Cori conseguiu arrematar, mas a tentativa de Souza parou em Lauro. A última chance do primeiro tempo foi paulista, com Lucas desperdiçando a jogada na pequena área. A jogada provocou as primeiras vaias no Couto Pereira.
Depois de um tenso intervalo, quando até o presidente Giovani Gionédis e o secretário Domingos Moro estiveram no vestiário, o Coritiba voltou com Lima no lugar de Souza. Mas o time voltou pior, e aos quatro minutos Ronildo apareceu livre – Fernando salvou, a bola sobrou para Jean, que chutou em cima de Edinho Baiano. Partindo para o desespero, logo depois Bonamigo sacou Lira para a entrada de Djames.
Na empolgação, o Cori foi para cima. Aos 9 minutos, Edu Sales fez o gol, mas o lance foi invalidado, em uma falha crassa do auxiliar Marco Antônio Martins. O atacante teve outra oportunidade instantes depois, mas chutou fraco, facilitando a defesa de Lauro. Aos 13, Lima cabeceou para fora. Ansioso, o time perdia chances e deixava Bonamigo destemperado, tanto que o treinador acabou excluído.
Aos 28 minutos, Edu Sales ?chapelou? Gérson e o zagueiro paulista desviou com a mão, mas Giuliano Bozzano nada marcou. E, na vontade, o Coritiba finalmente empatou aos 36: Ceará cruzou, a defesa rebateu mal e Edu encobriu Lauro para marcar o gol. Mas mesmo com toda a pressão, o Coxa não conseguiu a vitória, desperdiçando mais dois pontos dentro de casa.