O escândalo de corrupção da Fifa que atingiu em cheio alguns cartolas sul-americanos afastou os dirigentes do primeiro escalão da Conmebol da Copa América do Chile. O temor de deixar suas bases, onde se sentem mais seguros, os questionamentos a que seriam submetidos, e os próprios problemas gerados pela crise – como a dificuldade para pagar as premiações do torneio – são apontados como motivos para a ausência. O presidente da entidade, Juan Angel Napout, e o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, estão entre os “sumidos”.
A Copa América iniciou na última quarta-feira a fase de quartas de final e Napout ainda não apareceu no Chile. Uma de suas últimas aparições públicas, aliás, deu-se no Brasil. Foi na festa de premiação do Campeonato Paulista, no dia 4 de maio. Cerca de 20 dias depois estourou o escândalo, com a prisão num primeiro momento de sete dirigentes.
Desde então Napout está recluso no Paraguai, onde nasceu e onde fica a sede da entidade sul-americana. No quartel-general da Conmebol, no Chile, as informações são de que ele virá para acompanhar a final.
“Existe uma possibilidade de que venha para a semifinal também, mas isso não está
confirmado. Ele tem tido muito trabalho no Paraguai com o funcionamento da Conmebol e não pôde vir”, afirma Wilmar Valdez, presidente da Associação Uruguaia de Futebol e vice-presidente da Conmebol.
Valdez, aliás, é um dos que tem falado pela entidade. O outro é o presidente da Federação Boliviana e tesoureiro da Conmebol, Carlos Chavez. Falam, basicamente, da crise financeira causada pelo bloqueio das contas da empresa que detém os direitos do torneio, a Datisa, o que colocou em risco o pagamento dos prêmios da Copa América. Garantem que o pagamento será feito com o fundo de emergência da entidade.
O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também é outro dirigente que não veio ao Chile. E, ao que parece, nem pretende vir. Vale lembrar que, além de dirigente ligado à seleção brasileira, ele é representante da Conmebol na Fifa. Há outros presidentes ausentes, mas o argentino Luis Segura e o paraguaio Alejandro Dominguez têm acompanhado suas seleções.
ATÉ NO TRIBUNAL – O quórum anda fraco até entre os encarregados de julgar infrações disciplinares da Copa América. Na quarta-feira, a reportagem esteve no hotel onde se reúnem os membros do tribunal da Conmebol e constatou que dos cinco membros da Câmara de Apelações, apenas o equatoriano Guilhermo Saltos está registrado lá.