Emocionante, histórico e vibrante. Brasil e Argentina fizeram neste sábado, na Arena Carioca 1, um jogo de duas prorrogações e com todas as características de um encontro inesquecível. A melhor partida do torneio dos Jogos do Rio até aqui teve intensa participação da torcida e duas prorrogações para definir o vencedor. Para a tristeza da maioria em verde-e-amarelo, o duelo acabou com derrota por 111 a 107.
O Maracanã e o Monumental de Núñez estavam representados ao mesmo tempo. O clima de torcida de futebol para Brasil e Argentina lotou o ginásio para o confronto. A pontaria dos argentinos na segunda prorrogação foi decisiva. Foram oito pontos seguidos, que decretaram ao Brasil a terceira derrota em três jogos.
Para o Brasil avançar às quartas de final será preciso vencer a Nigéria, na segunda-feira. A derrota no sábado complica a ambição de chegar à briga por medalha, já que a tendência é a seleção terminar em quarto lugar do grupo e ter um possível confronto com os Estados Unidos logo na abertura do mata-mata.
A situação poderia ser outra se o Brasil não tivesse levado o empate em 85 a 85, no tempo normal. O lance decisivo foi a três segundos do fim. O argentino Nocioni, cestinha da partida com 37 pontos e líder em rebotes, com 11, acertou uma cesta de três. O empate em 85 a 85 silenciou os brasileiros, reacendeu os argentinos e prolongou por mais cinco minutos um jogo eletrizante e de muitas viradas.
A pressão imensa da torcida se justificava pelo valor do jogo. Adversários nos Jogos de Londres e no Mundial em 2014, Brasil e Argentina tinham motivações além da rivalidade histórica para querer vencer. Ambos também vinham de derrota e buscavam principalmente evitar enfrentar os Estados Unidos logo no começo da fase eliminatória.
O temor de confusão e provocações entre os torcedores levou a organização a incrementar o cerimonial pré-jogo. Os capitães Marcelinho Huertas e Luis Scola discursaram ao microfone para pedir calma e paz. O número de homens da Força Nacional de Segurança dentro do ginásio era bem maior do que nas partidas anteriores. Espalhados pelo local, tiveram de conter e até retirar quem estava envolvido em algumas discussões mais ásperas, já que, ao contrário do futebol, não havia separação de torcidas.
A partida foi nervosa. Cada cesta valia mais do que alguns pontos. Servia para cativar a vibração da torcida. Ao longo do jogo foram muitos momentos de empolgação dos dois lados. Ou pelos acertos da equipe, ou pelos erros do adversário. Os brasileiros tentavam abafar na quantidade de vaias os tradicionais cantos apaixonados dos argentinos.
Pelo menos no começo do jogo, a Argentina prevaleceu. Nocioni fez a vantagem chegar a dez pontos, ao acertar quatro dos cinco primeiros arremessos de três que tentou. A reação brasileira foi gradual, concluída no segundo quarto. A virada levou ao êxtase a Arena Carioca ao êxtase para cantar músicas de provocação a Diego Maradona.
Ir para o intervalo na frente, por 52 a 44, premiou o Brasil pela garra e eficiência no ataque. O aproveitamento ofensivo no começo da partida das derrotas para Lituânia e Croácia custou à equipe um resultado melhor. Contra a Argentina o time fez o seu melhor segundo quarto da competição, ao pontuar duas vezes mais do que o adversário no período.
A apresentação não era suficiente para ter um jogo tranquilo. Isso era impossível. A Argentina equilibrou no terceiro quarto e chegou a passar à frente. Só não pode se consolidar porque a torcida passou a participar intensamente dos lances livres. Era um argentino pegar a bola para ouvir xingamentos e o público bater os pés no chão para tentar desconcentrar o jogador.
O último quarto deixou todos no ginásio mais apreensivos, situação agravada pela prorrogação. O apoio da torcida brasileira se esvaiu ao longo do tempo extra e, ao fim da partida, foram os argentinos quem cantaram e fizeram a festa intensamente na Arena Carioca 1.