Pela primeira vez em 23 anos, nenhuma das seleções brasileiras de vôlei será comandada por Bernardinho. O técnico anunciou na última quarta-feira a decisão de não renovar seu contrato com a confederação do País para seguir no comando do time masculino e, desta forma, deixou o cargo que ocupava desde 2001 – antes, de 1994 a 2000, foi o treinador do time feminino.
O também ex-jogador Renan Dal Zotto será o substituto de Bernardinho. Mas engana-se quem pensa que o treinador não estará na Olimpíada de Tóquio, em 2020. Depois de seis Jogos consecutivos trabalhando, ele prometeu viajar para o Japão para torcer por seus ex-comandados e por outros esportes.
“Eu vou estar lá em Tóquio, na arquibancada. Pela primeira vez, vou poder ir a outro ginásio torcer por alguém. Em nenhuma olimpíada eu fiz isso. Fiquei só no ginásio do vôlei”, declarou em entrevista exibida neste domingo pela TV Globo.
O estresse de 23 anos à frente das seleções foi fundamental para a decisão de Bernardinho, que ouviu o pedido de seus familiares para que se afastasse do cargo. A saída, no entanto, não significa o fim da linha no vôlei para o treinador, que continua no comando da equipe feminina do Rexona-Sesc, no Rio.
“Vou continuar com as meninas lá do Rio de Janeiro. Elas sabem que eu vou estar ali com elas e me dedicar demais a isso. Talvez eu não precise gritar, porque eu vou não vou estar no ginásio com 10 mil pessoas, mas eu vou vibrar, eu vou suar, eu vou correr atrás. Isso que eu quero levar comigo sempre. Para onde eu estiver, que eu não sei onde é ainda. Eu tô com medo desse momento, de qual vai ser o próximo passo”, disse Bernardinho.
Ele ainda celebrou o fato de poder deixar a seleção após uma conquista tão importante: a medalha de ouro na Olimpíada do Rio. No total, foram seis medalhas para ele como técnico em Jogos: dois bronzes com a seleção feminina (Atlanta-1996 e Sydney-2000), duas pratas (Pequim-2008 e Londres-2012) e dois ouros (Atenas-2004 e Rio-2016) com a masculina.
“Foram muitas lições importantes. Se você perguntar das medalhas, eu tenho mais réplicas do que medalhas. Mas as memórias, tenho fatos importantes, situações importantes. Elas que eu vou levar para o resto da vida. A minha vida esportiva foi muito bem-sucedida e eu não tenho mais direito de pedir nada. Sob o ponto de vista humano, foram viagens incríveis com pessoas incríveis. Foi incrível essa jornada.”