Após ensaiar um boicote ao Congresso da Fifa, a Uefa confirmou nesta quinta-feira a participação no evento que realizará na sexta a eleição presidencial da entidade máxima do futebol mundial. O suíço Joseph Blatter é favorito para vencer o pleito e buscar seu quinto mandato consecutivo à frente da Fifa.
Na quarta, a Uefa havia pedido o adiamento das eleições em razão da prisão de sete cartolas em Zurique, na véspera do início do Congresso. Entre os presos estão o ex-vice-presidente da Fifa, Jack Warner, um dos maiores aliados de Blatter, e o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Eles foram detidos sob a acusação de corrupção.
Pelos cálculos dos europeus, o boicote significaria nesse momento a certeza de que Joseph Blatter teria mais quatro anos como presidente da entidade. A Uefa, porém, fez um apelo para que todos os seus 54 membros votem no príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein, único opositor ao suíço neste pleito.
A manobra visa tentar derrubar a candidatura de Blatter. Nesta quarta, membros da Uefa chegaram a considerar a hipótese de pedir o cancelamento da eleição, alegando que não haveria condição para que uma votação justa pudesse acontecer. Mas não houve consenso na entidade.
As prisões, que abalaram o mundo do futebol na quarta, motivaram a Uefa a pedir o adiamento da eleição, que já vinha sendo alvo de críticas. Na semana passada, o português Luis Figo desistiu de sua candidatura de oposição com ataques a Blatter. Ele questionou a gestão da Fifa, insinuou corrupção e chamou o atual presidente de “ditador”.
A posição da Uefa foi anunciada pelo irlandês John Delaney. O presidente da Associação de Futebol da Irlanda revelou também que o vice-presidente da Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês), David Gill, vai desistir do seu cargo no Comitê Executivo da Fifa caso Blatter seja reeleito. Gill deveria substituir Jim Boyce na vice-presidência destinada às nações britânicas.
Enquanto a Uefa mostra contrariedade com a realização das eleições, as demais confederações demonstram apoio a Blatter e ao pleito. A Confederação Africana de Futebol reiterou nesta quinta seu suporte ao suíço e afirmou que as eleições devem ser realizadas normalmente.
A Concacaf, maior atingida pelas prisões e denúncias de corrupção, adotou a mesma posição. A entidade afirmou que a decisão dos seus 35 eleitores por realizar o pleito nesta sexta é “unânime”.
BLATTER – Durante a manhã desta quinta, Blatter esteve agitado e em várias reuniões de emergência com seus principais pares para evitar um racha na entidade. O suíço ainda não se manifestou sobre as prisões dos membros da Fifa pela Justiça dos Estados Unidos, baseadas em acusações de corrupção. Os 11 membros da entidade envolvidos nas investigações do FBI foram banidos do seu quadro diretivo, entre eles o ex-presidente da CBF, Jose Maria Marin.