Após briga generalizada em final, Alagoas quer o fim de torcidas organizadas

O governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho (PMDB) informou nesta segunda-feira, que pedirá ao Ministério Público Estadual (MPE) o fim das torcidas organizadas nos estádios alagoanos. O pedido foi motivado pela violência ocorrida entre torcedores no estádio Rei Pelé, ao fim da partida entre CSA e CRB, domingo, pela final do Campeonato Alagoano.

Pelo menos um torcedor deu entrada no Hospital Geral do Estado (HGE) em estado grave, vítima das agressões de um grupo de torcedores que invadiu o gramado assim que o árbitro Dewson Freitas da Silva apitou o fim do jogo que deu ao CRB o título de bicampeão alagoano.

De acordo com o último boletim do hospital, emitido na tarde desta segunda-feira, a vítima – um adolescente de 17 anos que não teve o nome revelado – recebeu alta, depois de passar a noite na área vermelha – destinada a pacientes em estado grave.

Além da extinção das torcidas organizadas, o governador também pedirá a exigência de torcida única nos jogos entre CSA e CRB, considerados os dois maiores rivais de Alagoas. “Muitos bandidos, criminosos, traficantes se infiltram nas torcidas organizadas, travestidos de torcedores. Mas, na verdade, essas pessoas vão verdadeiramente [para os estádios] para criar problemas”, ressaltou Renan Filho.

Após o jogo, o governador condenou a violência praticada por torcedores e disse que “as cenas de selvageria que ocorreram após o jogo entre CSA e CRB, neste domingo, são inaceitáveis e envergonham as famílias de Alagoas”. Em sua página no Facebook, Renan Filho repudiou “a covardia dos agressores”. “O Governo do Estado já está agindo para que, com a rapidez necessária, os membros de torcidas organizadas que agem como bandidos travestidos de torcedores sintam a mão firme da polícia, a força da Lei e a face severa da Justiça”, enfatizou.

A intenção de Renan Filho é compartilhada pelo presidente da Federação Alagoana de Futebol, Felipe Feijó. Ele descartou punição para os dois times, alegando que a pancadaria ocorrida no domingo não teve responsabilidade das duas equipes. “As organizadas provaram que vão ao estádio para fazer aquilo que fizeram, ou seja, para brigar, e não para torcer”, ressaltou Feijó, em entrevista à imprensa local.

A violência entre torcedores também será discutida numa reunião extraordinária, que deve ocorrer nesta terça-feira, do Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) – órgão vinculado ao Poder Executivo que controla a atuação administrativa e financeira das instituições integrantes da defesa social em Alagoas. Um dos objetivos do encontro é avaliar se houve negligência por parte da Polícia Militar de Alagoas, responsável pela segurança no estádio Rei Pelé.

O fim das torcidas organizadas em Alagoas já chegou a ser discutido no Tribunal de Justiça de Alagoas, em abril do ano passado. Na ocasião, o promotor Max Martins, que entrou com ação pedindo a extinção da Mancha Azul – a torcida organizada do CSA – e Comando Alvirrubro (do CRB), revelou que o MPE estava recebendo cobranças de diversos setores da sociedade, devido ao comportamento das duas organizações.

“O Estado tem que tomar alguma atitude, não podemos ficar refém dessas pessoas que vão pra o estádio transvestidos de torcedores”, sustentou ele à época, durante audiência no TJ que contou com a presença do titular do Juizado do Torcedor, Kleber Borba Rocha, comandante do Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Marcos Sampaio Lima e o presidente da Federação Alagoana de Futebol.

Entre as soluções encontradas na época, ficou estabelecido que o time que tivesse o mando de campo teria direito a 70% de torcedores, contra 30% do time visitante. “O ideal seria que o estádio fosse dividido metade para uma torcida e metade para outra, mas infelizmente não é possível. Esse atual modelo propicia uma batalha campal. Por isso, é preciso tomar medidas urgentes”, enfatizou Renan Filho nesta manhã.

No início desta tarde, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas emitiu nota em que repudia a violência entre as torcidas. No comunicado, a entidade diz que é vergonhoso e inadmissível que estes atos de violência e atrocidade reiterem-se no futebol, sobretudo no futebol alagoano, “manchando a imagem do esporte e dos gramados em detrimento do próprio desporto”.

Assinada pelo presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB, Flávio Moura, a nota revela que a entidade fará estudos a serem encaminhamos aos órgãos de administração do futebol e poderes públicos envolvidos “no sentido de adotar medidas para que episódios desta natureza sejam banidos do futebol alagoano, não medindo esforços para paz nos estádios”.

MORTES – Além da violência ocorrida dentro do estádio Rei Pelé, a polícia civil de Alagoas registrou pelo menos duas mortes em consequência da partida de domingo. Na periferia de Maceió, o torcedor do CSA Cláudio Henrique Pino da Silva, 28 anos, foi assassinado diante da esposa, no momento em que assistia ao jogo em um bar próximo ao aeroclube da cidade.

Testemunhas informaram à polícia que a vítima foi morta a tiros depois de discutir sobre a partida com o acusado dos disparos, que fugiu do local e ainda não foi localizado. Também na periferia, Leandro da Silva Lima, 19 anos, foi morto a facadas pelos próprios colegas depois de tentar impedir que o grupo apedrejasse um ônibus com torcedores do CRB.

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