Paulinho tem duas funções em campo, nada fáceis: ajudar a defesa e ajudar o ataque do Brasil na Copa do Mundo. Nada fáceis não tivesse o volante da seleção feito isso desde as categorias de base. Há um outro fator que o favorece. Sabe que ao seu lado ele pode confiar de olhos fechados no também volante Luiz Gustavo, que praticamente não passa do meio do campo, joga sem sorrir, faz o que precisa ser feito e é um verdadeiro carregador de piano.

continua após a publicidade

“Sei que Ramires ou Hernanes também poderiam fazer bem esse papel, mas o Luiz Gustavo aproveita as chances que tem. Esse é o trabalho dele, como também é o meu ajudar na frente e na defesa”, disse o volante do Tottenham, que andou desanimado no últimos tempos pelo fato de ficar mais no banco de reservas do que em campo no time inglês.

continua após a publicidade

Paulinho faz na seleção muito menos brincadeiras do que fazia no Corinthians, seu clube antes do Tottenham. Ele não chega para a Copa do Mundo pressionado como chegou o goleiro Julio Cesar, mas o fato de amargar a reserva na Inglaterra já pesou em sua confiança. Esse cenário mudou após o almoço que teve com Felipão lá atrás, em Londres, quando o treinador e o coordenador Parreira deram um giro pela Europa a fim de tranquilizar e passar a mão na cabeça de seus jogadores.

“Eu não estava jogando, me machuquei, depois voltei a fazer algumas partidas antes de sair do time novamente. Foi quando o Felipão esteve em Londres, para um almoço, e me deu tranquilidade. Naquele dia, me senti muito mais importante e confiante para a Copa do Mundo”, contou Paulinho, em entrevista neste sábado, na Granja Comary.

continua após a publicidade

No treino coletivo deste sábado, Paulinho não mudou sua forma de jogar. Ajudou os zagueiros David Luiz e Dante (o capitão Thiago Silva ficou no time reserva) na defesa e foi visto tentando o cabeceio nas bolas paradas no ataque, exatamente como Felipão pediu a ele naquele almoço. “É claro que é preciso fazer as coisas tudo ao seu tempo”, explicou o volante.

Discurso comum neste grupo, Paulinho também não se sente dono da posição. Em mais de uma vez em sua entrevista deste sábado, ele ressaltou a qualidade e importância dos 23 jogadores que treinam na Granja Comary.

Defende, com isso, que os titulares não podem dar mole porque sabem que os reservas estão prontos para entrar. “Vamos deixar o Felipão quebrar a cabeça para escalar o Brasil”, avisou. Se o lugar-comum é titubear diante das câmeras e microfones e não assumir a condição de titular, em outros quesitos Paulinho não tem dúvidas, como para apontar quem será o craque da Copa. “Tenho certeza de que o Neymar vai brilhar. Ele está com vontade e daremos todas as condições para ele.”