Marcel bem que tentou, mas ficou
sem ação diante da bem postada defesa
santista, com André Luís e cia.

Se o sinal de alerta estava aceso no Alto da Glória, agora a preocupação aumentou. A derrota para o Santos por 4×0, a pior do Coritiba em 2003, deu nova chance para que os rivais diretos por uma vaga na Copa Libertadores se aproximassem, e deixa o Coxa com a obrigação de trazer pontos do jogo de domingo contra o São Paulo, no Morumbi. Apesar da contundência do resultado, o discurso permanece sendo o da tranqüilidade.

E foi a diretoria quem tomou a responsabilidade. Sereno, o secretário Domingos Moro confirmou que há preocupação, mas que não há desespero. “Nós fizemos um trabalho até agora, e eu sigo tendo certeza que vamos atingir o objetivo que planejamos. Por isso vamos manter nosso lema: trabalho e tranqüilidade”, comentou.

Para o técnico Paulo Bonamigo, o Cori sentiu claramente o primeiro gol do Santos, marcado por Robinho. “Depois daquele momento, nós não conseguimos mais jogar. E no momento em que você enfrenta um time com a qualidade do Santos, fica complicado”, reconheceu. “Mesmo assim, não faltou entrega dos jogadores. Eles tentaram, mas chegou uma hora que nós não iríamos conseguir”, completou o treinador.

Pela força do vice-líder do brasileiro, os jogadores evitaram a comparação entre o jogo de sábado e o desastre do ano passado, quando o Cori foi goleado pelo Gama e eliminado da competição, abrindo vaga para o próprio Santos. “Nem dá para comparar. Temos que convir que eles têm um dos melhores times do Brasil, e voltaram a atuar como na reta final do brasileiro do ano passado”, afirmou o goleiro Fernando.

Mas a derrota em casa serviu como novo aviso. “Nós temos que corrigir algumas coisas, buscar respostas para as situações que estão nos prejudicando. E temos que fazer isso logo, porque faltam só sete jogos”, advertiu o meia Jackson. “Não podemos deixar essa posição escapar agora, depois de termos construído uma campanha tão boa”, disse Fernando.

Bonamigo pensa exatamente dessa forma. “É hora da gente se unir e buscar a vaga na Libertadores. Nós estamos fazendo um ótimo trabalho nos últimos seis meses, e não podemos jogar tudo fora em dois meses”, afirmou o treinador, que preferiu não avaliar individualmente a atuação de jogadores no sábado. “Não é hora disso. Eu já não gosto de falar, e eu estou precisando de todo o elenco nesse momento”, esquivou-se.

Mas ele confessou que o Cori vive talvez o seu momento técnico mais delicado no brasileiro. “Realmente há individualidades que caíram de produção, e eu preciso saber o porquê disso”, disse Bonamigo, que pretende conversar ainda hoje com os jogadores para lembrá-los o quanto é importante chegar entre os melhores da competição. “Para todo mundo essa vaga na Libertadores é importante. Quero reafirmar isso para eles, porque pode significar muito na carreira de todos nós”, finalizou.

Reclamação

Apesar de não querer justificar a derrota, Paulo Bonamigo mostrou-se indignado com a arbitragem de Leonardo Gaciba. “Não quero escapar do resultado, mas em dois lances o Coritiba foi prejudicado. Se o pênalti no Helinho fosse marcado, a história do jogo poderia ser outra. E por mais que eu não goste de falar de arbitragem, tenho que fazer esse alerta. Eu não posso ficar mais calado”, desabafou o treinador.

Categoria falou mais alto e goleada ficou barata

Não há o que dizer. Jogando bem e aproveitando a ótima jornada de Robinho, o Santos impôs seu futebol no Alto da Glória e venceu o Coritiba por 4×0, no sábado. Apesar das falhas do árbitro Leonardo Gaciba da Silva,

o vice-líder do brasileiro foi soberano, e continua sua arrancada para se aproximar do Cruzeiro.

Era o principal jogo da rodada e não se via tanta movimentação no Alto da Glória desde a final do campeonato paranaense,

em março. A torcida coxa sentira que era o momento de apoiar o Cori, em um jogo decisivo contra um rival direto. E, claro, o Santos também tinha seus atrativos, e levava um bom número de torcedores ao estádio.

Como prometido, o Cori iniciou pressionando. Apostando em uma formação diferente (um 4-4-2 rígido), Bonamigo exigira jogadas pelas laterais, e o lado direito parecia ser o caminho nos primeiros minutos. Ceará e Edu Sales venciam o duelo com Léo e Renato, e Robinho e Diego não conseguiam escapar da marcação. Djames surgia bem na armação, e com isso o Coxa era melhor em campo. Aos 4 minutos, Marcel foi empurrado por Pereira na área, mas Leonardo Gaciba mandou o jogo seguir.

Mas o Santos tinha qualidades. Aos 12, Robinho e Diego fizeram ótima tabela, e o camisa 10 do Peixe chutou para fora. Mas os meninos da Vila sentiam a dificuldade proveniente da marcação coxa, e Diego chegou a se estranhar com Willians. E no momento em que os paulistas pareciam sentir a pressão, Ceará falhou grosseiramente. Aos 22, o lateral não dominou uma jogada simples, e Robinho aproveitou, tomando a bola e abrindo o placar.

O Cori tentou manter o ritmo, e aos 27 Djames fez Fábio Costa trabalhar com um forte chute. Abriam-se espaços para os perigosos contra-ataques santistas, e aos 35 minutos Diego deixou Léo cara a cara com Fernando – o lateral apenas desviou do goleiro e marcou o segundo do Santos.

Bonamigo partiu para o desespero na segunda etapa. Ele sacou Roberto Brum e Djames para a entrada de Souza e Helinho. Era a opção ultraofensiva, talvez a única para tentar o empate. Aos três minutos, Marcel arriscou, mas Fábio Costa defendeu. O Cori reclamou novo pênalti quando Helinho tentou fintar André Luís e parou no zagueiro.

Só que o talento santista continuou falando mais alto: aos 6, Robinho fez jogada genial, driblou três jogadores e marcou o terceiro do Peixe.

O gol destruiu o Coritiba.

Os erros se sucediam, e até em jogadas simples os jogadores erravam. E, para sacramentar a goleada, André Luís cobrou falta aos 23 minutos, a bola desviou em Ceará e enganou Fernando. O jogo terminava ali, 22 minutos antes do apito final – e a torcida coxa foi embora para casa mais cedo. Era demais para quem esperava a recuperação no brasileiro.

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