A piscina do Centro Aquático de Toronto viu um recorde histórico da natação brasileira na noite de quinta-feira. E não foi com Thiago Pereira, que perdeu sua 22.ª medalha pan-americana, mas com Joanna Maranhão. Principal nome da natação feminina do Brasil neste século, a pernambucana de 28 anos atingiu aquele que era o maior objetivo da sua carreira. Um feito que parece pequeno, mas tinha um tamanho gigantesco para ela: nadar abaixo de 4min40s00 os 400 metros medley.

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“Nas minhas conversas com Deus, eu perguntava para ele se eu iria viver com esse fardo. Perguntava se valia a pena tentar mais uma vez, se era melhor deixar do jeito que estava. Eu batia na trave, eu sofria”, relatou Joanna, em publicação no seu perfil no Instagram, rede social de compartilhamento de fotos, após nadar a prova em 4min38s07.

O 4min40s00 é o tempo que Joanna Maranhão, aos 17 anos, fez na final olímpica dos 400m medley nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, maior feito da natação brasileira em todos os tempos. Joanna, entretanto, nunca se tornou a atleta de altíssimo nível que prometia ser e os 4min40s00 eram a prova numérica disso.

Durante 11 anos Joanna tentou, sem sucesso, quebrar a barreira dos 4min40, muro que dobrava de tamanho para ela. Se na natação os tempos redondos têm grande efeito psicológico sobre o atleta, para Joanna isso era potencializado. Ela chegou a sofrer uma síndrome do pânico antes de nadar os 400m medley, sua prova preferida. Nos Jogos de Londres-2012, sofreu um mal súbito no banheiro do seu quarto na Vila Olímpica, se cortou, e não competiu.

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Nem durante a chamada “era dos trajes tecnológicos” Joanna conseguiu superar a menina de 17 anos que foi finalista olímpica. Chegou a se aposentar sem realizar o feito. Em meados do ano passado, voltou às piscinas e, no Pan, baixou em dois segundos aquele tempo que tanto a incomodava.

“Hoje (quinta) é o dia mais feliz da minha carreira, seja ele acompanhado de um bronze ou de um quarto lugar, eu tenho em mim a certeza de que no dia de hoje, eu nunca fui tão feliz”, completou Joanna, que acabou herdando o bronze após a vencedora da prova ser desclassificada.

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No Pan, ela ainda bateu o recorde sul-americana de outras duas provas: 200m costas e 200m borboleta, além do revezamento 4x200m livre, com a equipe brasileira.