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Aplaudido em avião, Melo se surpreende com fama e já colhe frutos de Wimbledon

Ainda surpreendido pela fama repentina, Marcelo Melo vai aos poucos percebendo a importância de ser um campeão de Wimbledon. De volta ao Brasil, o tenista mineiro admite que não esperava pela repercussão do título de duplas, conquistado no sábado passado, e reconhece que o almejado troféu já está trazendo mudanças em sua vida.

“Aos poucos a ficha está caindo. Às vezes eu paro para pensar: ‘eu realmente ganhei Wimbledon'”, disse Melo, ainda surpreso, em entrevista ao Estado. “Sempre demora um pouquinho [para cair a ficha]. Mas eu espero que caia o mais rápido possível porque é uma conquista que temos que desfrutar ao máximo porque foi muito difícil.”

O primeiro “choque de realidade” foi sofrido ainda no avião, de volta para casa. Reconhecido durante o voo, Melo recebeu uma salva de palmas dos demais passageiros. “Um casal me reconheceu no avião, quando aterrissou aqui, e começou a bater palmas. Eu até fiquei com vergonha, uma vergonha nova para mim”, brincou o tenista.

Melo se surpreende com a repercussão e o reconhecimento do público porque já era campeão de Grand Slam antes de brilhar na grama de Londres. Ele venceu Roland Garros em 2015, ainda ao lado do croata Ivan Dodig – em Wimbledon jogou com o polonês Lukasz Kubot. E também já havia sido número 1 do mundo, logo após vencer em Paris.

Para o brasileiro, a mudança se deve ao status e à tradição de Wimbledon. “Ainda quando eu estava na imigração [do aeroporto], uma pessoa pediu para tirar foto comigo. E comentou com um amigo, que estava comigo: ‘agora ele tem que se preparar porque vai ficar famoso’. A conquista em Wimbledon torna as coisas muito especiais”, afirmou.

Tomando consciência do seu feito, que encerrou um jejum de 51 anos sem títulos brasileiros em Wimbledon no profissional, Melo prevê novas mudanças em sua vida. “Minha vida vem mudando desde Roland Garros, mas acho que agora vai mudar mais ainda, porque Wimbledon é muito especial, é a marca do tênis. Ganhamos um torneio em que o [Roger] Federer ganhou ao mesmo tempo. Tenho certeza que minha vida vai mudar ainda mais”, projetou.

Ainda sem conseguir prever as mudanças no futuro, Melo prefere lembrar do passado. A conquista de Wimbledon, na sua avaliação, é uma compensação preciosa para os sacrifícios que ele e sua família fizeram nas últimas décadas.

“Fiquei muito tempo longe da família. Aniversário, só devo ter passado uma meia dúzia em casa. Eu tenho a felicidade de ter o Daniel [Melo, seu irmão] viajando comigo há 10 anos, o que alivia muito a saudade de casa. Abdicamos de várias coisas na vida para um dia ser um tenista profissional”, disse o tenista de 33 anos.

“Acho que valeu a pena ter abdicado de tanta coisa. Não só eu, meus pais também, fizeram um investimento tão alto em mim que acabam abdicando da vida deles para apoiar o nosso sonho. E poder retribuir com um troféu destes é muito legal. Fiquei muito emocionado ao poder proporcionar isso para eles. No fundo, no fundo, o que eu faço é para proporcionar alegria para eles”, declarou.

FEDERER E RONALDO – Ter conquistado Wimbledon no mesmo ano em que o suíço Roger Federer bateu o recorde de conquistas em simples potencializou ainda mais a repercussão do título de Melo no Brasil. Para o brasileiro, foi uma felicidade adicional compartilhar a conquista com um dos tenistas mais talentosos e queridos do circuito.

“O Federer é a marca do tênis, é a referência. O tênis não poderia estar melhor representado”, comentou Melo, que revelou um sonho à reportagem. “Um dia ficaria muito feliz de poder jogar uma dupla com ele. Gostaria de ter este prazer de compartilhar a quadra com ele.”

Torcedor cruzeirense, o mineiro também sonha com uma improvável parceria com Ronaldo Nazário, o ex-atacante do seu time e da seleção brasileira. “O Ronaldo sempre foi um ídolo meu, do meu time, que é o Cruzeiro. E sei que ele joga tênis”, afirmou.

Melo e seu parceiro Lukasz Kubot voltarão às quadras no fim deste mês. Eles vão disputar o Torneio de Washington, de nível ATP 500, a partir do dia 31, em quadra rápida, nos Estados Unidos. Será a primeira competição de preparação para o US Open, próxima meta do brasileiro no circuito.

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