Não havia melhor resposta a ser dada. O Coritiba não se curvou ante a pressão da Federação Carioca e venceu o Botafogo por 2 a 0, em Campos dos Goytacazes, sábado, apesar de não ter uma penalidade em Adriano marcada pela arbitragem. O Cori foi melhor durante toda a partida e conseguiu sua segunda vitória fora de casa no campeonato brasileiro.
Era de se esperar o cenário desolador. O jogo só foi transferido para Campos porque a Federação Carioca subsidiara para o Botafogo as taxas de utilização do campo e todas as despesas de viagem. E, para assistir à partida, muito pouca gente foi ao Godofredo Cruz para ver o Botafogo em crise enfrentar o Cori. Não havia sequer policiamento, e os torcedores podiam comprar livremente bebidas em lata ou garrafa, o que é proibido.
O Coritiba assumiu o controle do jogo nos primeiros minutos. Lúcio Flávio e Da Silva tinham liberdades para jogar – principalmente porque o atacante marcado era Jabá (que, com uma virose, quase ficou de fora do jogo). Apesar de ter mais posse de bola, o Botafogo era ineficaz na armação, o que facilitava a vida da defesa coxa. Mas o Cori também não se acertava, falhando no meio-campo e abusando das jogadas individuais. Com isso, os cariocas chegavam: aos 18 minutos, Sandro escorou cruzamento de Rubens Júnior e acertou o travessão.
Só que a superioridade coxa era latente, e aos 24 minutos Almir recuou errado e Jabá teve espaço e calma para driblar Romeu e Sandro e chutar forte, abrindo o placar. A vantagem permitiria ao Cori jogar com mais tranquilidade – nem tanto pela própria atuação, mas principalmente pelo excesso de nervosismo do Botafogo, que era simbolizado pelo desespero do técnico Abel Braga, que gritava incessantemente à beira do campo.
O contra-ataque também era coxa, e aos 30 minutos Lúcio Flávio quase encobriu Carlos Germano em uma rápida jogada de Jabá. O Botafogo era um time desesperado, chegando só na base do abafa, como aos 36 minutos, quando um bate-rebate na defesa coxa complicou o trabalho de Fernando. A última oportunidade do primeiro tempo foi de Da Silva, que perdeu chance incrível ao receber passe de Jabá.
Abel Braga partiu para uma tática suicida no segundo tempo, colocando dois atacantes – Ademílson e Reinaldo – no lugar de um zagueiro e de um meio-campista. Assim, o Botafogo recomeçou a partida com o domínio territorial, empurrando o Cori em sua própria defesa. Aos 8 minutos, Léo Inácio assustou Fernando com um forte chute. Logo depois, Adriano salvou a pátria alviverde depois do arremate de Ademílson.
Talvez pela pressão botafoguense, a partida caiu sensivelmente de produção. Os dois times erravam passes em demasia, e para completar o árbitro Cléber Abade deixou de marcar uma penalidade clara sobre Adriano aos 14 minutos. Logo depois, Lúcio Flávio acertou a trave de Carlos Germano após bela combinação de passes do ataque coxa. Em seguida, Abel tirou mais um meio-campista para colocar o centroavante Rodrigão.
Mas o controle do jogo era alviverde, que mantinha o Botafogo longe do ataque e isolava ainda mais Rodrigão (que entrou em campo sob vaias). Na frente, o Coritiba assustava constantemente a zaga alvinegra com a velocidade de Da Silva e Jabá. Aos 31 minutos, Reginaldo Araújo perdeu grande chance de ampliar o placar. Logo depois, Fábio arriscou de longe e a bola raspou o travessão coxa.
Os erros de finalização continuavam, mas a história vista contra o Paysandu não seria repetida. Aos 41 minutos, Adriano puxou rápido contra-ataque e cruzou para Jabá, que tocou de peito para marcar o segundo alviverde e definir o placar. O resultado anima o Cori para a próxima partida, contra a Portuguesa, quinta-feira, no Alto da Glória.