Vai rolar liga sim!

Apesar da pressão, clubes batem o pé e garantem Primeira Liga

Criada para ser um embrião de uma possível liga independente dos clubes do futebol brasileiro, a Primeira Liga, que reunirá em disputa os principais clubes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro, segue encontrando resistência por parte da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Apesar das declarações do secretário-geral da entidade, Walter Feldman, de que a competição não estava autorizada pela CBF, o torneio, independentemente das sanções que podem ser impostas aos clubes, vai acontecer e inicia na próxima quarta-feira, dia 27 de janeiro.

O presidente do Cruzeiro e da Primeira Liga, Gilvan de Pinho Tavares, comentou o caso em entrevista concedida na Toca da Raposa e bancou a realização da competição regional. O dirigente criticou também a CBF que, segundo ele, não está honrando o acordo realizado previamente para a disputa da competição.

“É um fato que a gente tem a lamentar. No futebol atual, no mundo e no Brasil, estamos lutando para fazer algo mais decente, com muito critério. Todas as decisões foram tomadas em assembleia geral, sempre em conjunto com a CBF. E a CBF não foi contra a Liga. Por unanimidade foi apoiada a criação da Liga, e combinados a utilização do ranking das federações, de forma que a CBF não teria nada a se opor ao torneio deste ano. Combinamos que podia ser um torneio amistoso, já que o calendário já havia sido divulgado. Está tudo acertado, tudo combinado, outros patrocinadores da Liga acertados, depois de seis meses de debate. Selamos o acordo à moda antiga, com aperto de mão”, apontou Tavares.

Mais pressão

Quem também está vetando a realização da Primeira Liga, pelo menos os clubes do seu Estado, é a Federação Carioca de Futebol. Entretanto, as participações de Flamengo e Fluminense estão garantidas. A dupla deve peitar a ordem da entidade máxima do futebol carioca e o presidente do clube da Gávea, Eduardo Bandeira de Mello, inclusive, já garantiu que o Fla jogará o torneio.

O presidente do Atlético, Luiz Sallim Emed, afirmou que o posicionamento – tanto da CBF quanto da Federação Carioca de Futebol – não preocupa os participantes. “É mais um desgaste que, ao invés de existir um entendimento, colaboração, entendo que eles criam essa dificuldade. Mas a liga está definida, com a tabela pronta e vai acontecer”, frisou o mandatário atleticano, que criticou o posicionamento da CBF.

“É mais uma tentativa de, não impedir, mas dificultar o acontecimento da Liga. É uma tentativa de desmobilizar os clubes. É um direito deles, mas a gente vai continuar, de acordo com que os estabeleceram, seguindo em frente”, emendou o presidente do Furacão.

Luiz Sallim Emed diz que a Liga é o melhor para o futebol. Foto: Albari Rosa.

Atlético espera entendimento

Luiz Sallim Emed afirmou que a CBF, ao invés de apoiar a criação de uma liga nacional dos clubes que, segundo ele, já é realidade em outras praças do futebol mundial. “A Primeira Liga é um embrião de uma formação de uma Liga Nacional. A CBF, no meu entendimento, deveria apoiar isso. As ligas, em todos os países, estão implantadas e recentemente teve aí a Liga Sul-Americana, que está em fase de criação. Esse é o caminho e a CBF deveria apoiar ao invés de colocar dificuldade. Entendemos que isso é o melhor para o futebol. Mas a gente vai chegar lá. É questão de tempo, de entendimento, de negociação, pois você sempre um tempo para vencer as dificuldades, mas estou seguro que vamos conseguir isso”, afirmou o presidente rubro-negr,o.

A Primeira Liga, apesar de contar ainda com poucas datas dentro do calendário do futebol brasileiro, será transmitida pela Rede Globo, que desembolsou R$ 5 milhões pelos direitos de transmissão do torneio regional. Porém, a competição não terá grande importância para alguns clubes, como Grêmio e Atlético-MG. Os dois times vão disputar a Libertadores da América e, por isso, vão priorizar a competição sul-americana e deverão entrar em campo com seus times alternativos.

Mas para várias equipes a Primeira Liga será uma forma de potencializar seus lucros. A rentabilidade para os participantes da competição regional está na atratividade junto aos seus associados, patrocinadores, além de testar seus times contra adversários mais qualificados no primeiro trimestre com relação a disputa dos campeonatos estaduais.

O CEO do Coritiba, Mauricio Andrade, que também presta serviços à Primeira Liga, não quis se pronunciar sobre o caso. Sobre a realização da competição regional, o dirigente foi cirúrgico. “Vamos continuar trabalhando conforme a gente está desde o começo”, resumiu Andrade.