Antônio Lopes revela influências do Coxa

Antônio Lopes resolveu colocar trinta anos (ou mais) de observação do futebol no Coritiba de hoje. E, para isso, usa fórmulas aprendidas por ele no decorrer da carreira, por mais que elas possam parecer completamente distantes entre si. E é nesta mistura de Oto Glória com Luiz Felipe Scolari, de Ernesto Santos com Sepp Piontek que o Delegado cria o Coxa de 2005.

A primeira referência de Lopes é, sem erro, o professor Ernesto Santos, que poderíamos chamar de "professor dos professores". Dos ensinamentos dele na Escola de Educação Física do Rio de Janeiro (que dá cursos para técnicos de futebol) derivam profissionais como Carlos Alberto Parreira, o falecido Cláudio Coutinho, Sebastião Araújo, Raul Carlesso e outros. No pensamento do "professor Ernesto", como chama o Delegado, o futebol é formado de combinações de duplas.

Isso mesmo: há complementações de estilos entre dois zagueiros, dois volantes, dois meias e dois atacantes. "Pode ver que é assim. Na defesa, tem sempre um que bate mais e outro mais técnico. No setor de marcação do meio-campo, há um que marca mais, ?morde’ o adversário, enquanto o outro sabe sair jogando, tem qualidade técnica. Na armação, um é o organizador, que tem um passe qualificado, deixa o atacante na cara do gol, e outro, mais agressivo, que arremata o exemplo, é o Zico, pai do Thiago. E na frente, o negócio é combinar um jogador de referência com um de velocidade", filosofa Lopes para um grupo de repórteres.

O técnico alviverde tenta fazer isto no Coritiba, mas apenas uma dupla se afinou até agora: justamente a que mais cria expectativas na torcida, a de Marquinhos com Luís Carlos Capixaba. "O Marquinhos é um jogador diferenciado, que toca a bola muito bem, se aproxima dos atacantes e também ajuda na marcação", elogia Capixaba, que tem sua função facilitada, apesar do despiste. "Eu não estava sobrecarregado ano passado", desconversa.

Aí entra Oto Glória, que foi um nome ligado ao Vasco e à carreira de Lopes nos anos 70. O técnico terceiro colocado na copa de 1966 (com a seleção de Portugal) fez do alvinegro carioca o mais aguerrido dos times do Rio. "O time tem que ter vontade. Por isso eu exijo o máximo deles", explica o treinador coxa, citando os gritos que estão assustando os novatos. "Eu faço com o intuito de incentivá-los", garante. "O Marciano escutou uma daquelas do Lopes durante a semana que quase o deixou tonto", brinca o zagueiro reserva Vagner.

O passo seguinte da "formação" vem da Dinamarca. Para que o 3-5-2 coxa funcione, o Delegado insiste na extrema movimentação dos alas. "Quando a Dinamarca montou o sistema com cinco jogadores no meio-campo, não havia nenhum lateral. Eram todos jogadores do setor, movimentando-se muito e confundindo a marcação. Nós é que mudamos, colocamos laterais e transformamos o esquema em um 5-3-2, deixando o meio vulnerável", explica o técnico alviverde.

Dando uma olhada na defesa, surge nova fase do aprendizado do Delegado. A possibilidade retomada na sexta, de Reginaldo Nascimento jogar como zagueiro, faz remontar à seleção campeã mundial em 2002, quando Felipão fixou Edmílson como terceiro defensor. "Você tem duas situações: ou você coloca três jogadores de ofício, ou flexibiliza a defesa com um volante. Se fizer isto, você pode mudar a formatação da equipe durante as partidas", justifica Antônio Lopes.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo