O técnico Antonio Lopes sempre teve uma relação ótima com o torcedor atleticano. Não apenas pela brilhante campanha na Libertadores de 2005, mas também pelas outras passagens de sucesso que o treinador teve no Furacão. Além disso, sempre deixou claro o carinho por tudo que envolve o Atlético Paranaense.
Devido aos resultados iniciais do campeonato estadual e alguns questionamentos sobre o que o time poderia fazer nesta temporada, Lopes tomou a iniciativa de estreitar esse relacionamento com o torcedor. Em seu site pessoal, o técnico escreveu uma carta à torcida rubro-negra, explicando o planejamento da equipe e também o futuro do Furacão. Confira na integra a carta do treinador:
Confira na íntegra a carta de Lopes a torcida
Gostaria de falar algumas coisas diretamente para o torcedor atleticano. Sei da confiança que a torcida deposita em mim. É muito bom receber o carinho e reconhecimento que tenho tido nos últimos dias.
Os resultados até agora não são satisfatórios. Mas quero informar ao torcedor de que o risco era calculado. Pois para termos ganhos futuros, precisamos nos sacrificar neste momento. Não iria adiantar ganhar de todos os adversários agora (realizando uma pré-temporada com treinos de intensidade fraca) e depois termos uma queda de rendimento acentuada. Me parece que isso já aconteceu algumas vezes nos últimos anos com o nosso clube . Lógico que queremos ser campeões estaduais, mas nosso maior objetivo em 2010 é classificar o Atlético para a Libertadores do ano que vem, seja através da Copa do Brasil ou do campeonato brasileiro e para isso precisamos ter uma base de trabalho muito sólida.
Fui fazer o primeiro trabalho especificamente tático somente na véspera do jogo contra o Serrano, pois priorizamos completamente a parte física. Não fizemos nenhum amistoso antes da competição . É claro que a equipe está muito aquém do que queremos. Mas sabíamos que isso iria acontecer. Nosso planejamento (não quero enganar o torcedor) é para a equipe deslanchar a partir do início do mês de março. Porque nós da comissão técnica sentamos com a direção no final do ano passado e planejamos tal situação. Já que desde 2005 (quando fizemos uma inter-temporada muito forte também, que originou o vice da Libertadores e o sexto lugar no campeonato brasileiro) o Atlético não faz um campeonato brasileiro digno de suas tradições . Então se estabeleceu que seria importante priorizar o treinamento físico, mesmo durante o início da competição estadual , para conseguirmos ter um ano decente em nível nacional e não só estadual . Por isso planejamos a nossa pré-temporada entre os dias 04 e 30 de janeiro. Como podem notar, somente no dia do jogo contra o Corinthians Paranaense termina oficialmente este período. Queria aproveitar e falar que o grupo de jogadores se comportou de maneira fantástica por todos estes dias, com uma dedicação impressionante, portanto não tem como este trabalho a médio prazo dar errado . Durante estes 25 dias, os atletas ficaram em regime de concentração quase que total em nosso maravilhoso CT , tendo alguns pouquíssimos momentos de folga .
Em relação a equipe considerada titular do ano passado , não contamos mais com Nei , Wésley , Rafael Miranda , Galatto, Marcinho e tivemos a lesão do Paulo Baier. O Valencia atuou somente nas duas últimas partidas. A mudança da estrutura da equipe foi muito grande . Portanto estamos remontando a equipe durante a competição. Para remontar uma equipe precisa se testar algumas situações, fazer algumas experiências até se chegar à equipe ideal.
Para a montagem da equipe deste ano tomei como base nossa campanha no último brasileiro. Ficou evidente que nosso sistema defensivo funcionou muito bem e que o nosso sistema ofensivo nem tanto. Planejei então para este ano uma equipe atuando com dois meias ofensivos e dois atacantes , abrindo mão de um zagueiro. Comecei o ano com o mesmo sistema do ano passado, pois como já falei a prioridade era totalmente física e não tive tempo para treinar uma nova formação. Para o primeiro jogo não tive o Valencia (por problemas particulares atrasou sua volta ao país), Alex Sandro se machucou na semana da estréia e Paulo se machucou no início do segundo tempo da partida. Talvez por estes detalhes a segunda partida contra o Operário tenha sido uma lástima. No terceiro jogo as coisas começaram a funcionar.
Para o quarto jogo, com a volta do Alex Sandro e com a possibilidade de fazer 3 trabalhos tático -coletivos(dois na segunda -feira e um na terça-feira), entendi que já era o momento de começar a preparar o time com um meio campo de mais qualidade . E começar também a preparar o time para o futuro, pois quando Paulo e Claiton retornarem e o Tartá estiver melhor adaptado ao grupo , juntamente com Valencia, Alan, Alex Sandro, Netinho e Kaio, poderei formar um setor de meio-campo com quatro homens de muita qualidade. Mas quem vive no futebol sabe que três trabalhos não são suficientes para dar padrão à equipe nenhuma. Só com a continuidade, a repetição dos trabalhos e a seqüência dos jogos, o time vai “encorpando”. Engraçado que as pessoas que me criticam por eu ter mudado o esquema de três zagueiros que deu certo na goleada de 8×0 , são as mesmas que dizem que aquele jogo não serve como parâmetro.
Outra crítica que recebi foi por ter colocado o Manoel como lateral direito, que poderia queimá-lo. Este atleta já é uma realidade no futebol brasileiro (aliás, me lembro que quando o fixei como titular sofri duras críticas também) e não é por fazer uma ou outra partida fora de sua real posição que vai se queimar . Hoje dispomos de dois jogadores no elenco para a lateral direita: Raul e Gerônimo. Os dois muito jovens e logicamente com virtudes e defeitos. Eu os acompanho diariamente. O Raul é um jogador que conheço desde quando ainda jogava no Coritiba e era meia de origem, depois passou para a ala e está sendo trabalhado para jogar também com linha de quatro defensores. O Gerônimo estava jogando fora do país, em um futebol totalmente diferente, está se readaptando ao futebol brasileiro. Entrou 45 minutos contra o Serrano. Portanto achei temerário colocar um dos dois nesta partida contra o Cascavel, fora de casa, contra uma equipe que tem um ataque veloz e de muita movimentação. Partida esta em que estávamos saindo de um esquema com 3 zagueiros fixos e passando para o 4-4-2 . Posso acertar ou errar em minhas atitudes, mas é importante ter critérios e esses foram os meus. Para a próxima partida pode ser diferente, até porque o restante do time me deu uma resposta boa defensivamente, principalmente no segundo tempo da partida, lá em Cascavel. E agora vamos jogar em casa. A formação de um time, principalmente em início de temporada, não acontece de uma hora para outra. Tem que se ter uma seqüência.
Conto com o apoio de vocês torcedores atleticanos. Vamos seguir juntos nesta caminhada, pois vejo que o maior desejo da torcida é disputar de igual para igual com as grandes equipes brasileiras e não somente em nível estadual. E que no ano de 2011 possamos estar disputando uma Libertadores em condições plenas de disputarmos o título, assim como fizemos naquela memorável campanha de 2005.