Königstein – Não houve ovada ou farinhada em público – reverência ao desperdício tão ao gosto de boleiros. O 36.º aniversário de Cafu aparentemente foi comemorado de forma mais discreta, com jantar, bolo e velinhas na concentração da seleção, depois das duas sessões de treinos de ontem. O capitão do pentacampeonato mundial e o vovô da turma convocada por Parreira para a campanha na Alemanha optou por moderação e não quis show diante de câmeras atentas de todas as partes do mundo.
O geminiano Cafu passou mais um 7 de junho longe de casa e concentrado na disputa de Copa. O que seria exceção para qualquer um virou rotina em sua longa carreira na seleção. O lateral-direito revelado pelo São Paulo no começo dos anos 90 viveu situação semelhante em 94, 98 e 2002, e nessas ocasiões o maior presente veio com a disputa da final. Duas ele venceu, nos Estados Unidos e na Ásia, e agora lhe falta a quarta decisão em seguida, o que o tornaria recordista, independentemente do resultado. Ronaldo também chegaria a marca parecida, com a desvantagem de não ter entrado em campo na caminhada do tetracampeonato.
Estátua
?Ele merece uma estátua por tudo que fez no futebol?, empolga-se Cicinho, reserva na lateral, discípulo declarado e apontado como sucessor – se é que Cafu não terá mesmo fôlego para ir à África do Sul em 2010.
Cafu dribla polêmicas, badalações e tapinhas nas costas com sorriso e silêncio. Sem desgastar-se, afirma que se sente em condições ainda de vestir a camisa da seleção e não fala em aposentadoria. Por delicadeza, e por convicção, Parreira reforça essa tendência. ?Ele tem saúde e dedicação de iniciante?, observa o treinador, que há muito decidiu que é sua a faixa de capitão, que em 2002 herdou com a contusão de Emerson na véspera da estréia, contra a Turquia.
E não esconde o desejo de homenagear novamente o Jardim Irene, periferia de São Paulo, desta vez na Alemanha. Como se trata de Cafu, não se pode desprezar a realização de mais uma proeza.
