Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e responsável no clube pelo Itaquerão, vai voltar aos Emirados Árabes Unidos na próxima semana para negociar os “naming rights” do estádio. Ele embarca na segunda-feira à noite para Abu Dabi e terá duas reuniões organizadas pelo fundo de investimentos que trata da negociação, uma na quarta e outra no dia seguinte. No início deste mês, o dirigente já esteve em Dubai para conversar com os representantes da empresa aérea Emirates Airlines.
A intenção do dirigente é fechar um contrato que renda R$ 400 milhões ao Corinthians. Ele considera 15 anos o tempo ideal para venda dos “naming rights”, mas o prazo pode ser estendido em cinco anos. O clube assinou em 13 de fevereiro deste ano um Memorando de Entendimento, documento que estabelece as diretrizes básicas do contrato, com o fundo de investimentos árabe.
A primeira viagem de Andrés aos Emirados Árabes Unidos foi por conta própria. Desta vez, ele embarca a convite do fundo FCCA, que tem entre suas atividades buscar oportunidades de negócios em mercados emergentes. Junto com ele deverão viajar os advogados Luiz Felipe Santoro, para assessorá-lo nas conversas, e Edgar Ortiz, conselheiro do Corinthians que, nesse negócio, atua como representantes dos árabes.
Em Abu Dabi, será feita reunião com a Emirates Airlines, mas também foi marcado encontro com a Ittihad Airways, empresa aérea que nas últimas semanas mostrou interesse no negócio do Itaquerão, por querer fortalecer seu segmento de transporte de cargas no mercado brasileiro, e fez contato com o FCCA.
O negócio com os árabes esteve bem encaminhado, mas quase foi por água abaixo em função dos problemas financeiros enfrentados por Eike Batista – ele tem relações comerciais com os Emirados Árabes Unidos e a crise de suas empresas foi entendida como um mau sinal da economia do Brasil -, pelos protestos populares ocorridos durante a Copa das Confederações, em junho, e também por causa da demora da liberação da linha de crédito do BNDES para a construção do Itaquerão.
Como o clube e a construtora Odebrecht não conseguiam acesso ao empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES (dinheiro que ainda não saiu), o temor era de que o estádio não ficasse pronto – mesmo porque, no primeiro semestre o próprio Andrés ameaçou paralisar as obras por duas vezes. A Emirates Airlines só se mostrou disposta a fechar o acordo e assinar contrato com a garantia de conclusão do Itaquerão. Mas também foi preciso convencer os árabes de que as manifestações populares de junho não representam desaprovação dos brasileiros com a realização da Copa do Mundo.
Por isso, apenas quando a arena atingiu 94% das obras concluídas o fundo chamou Andrés para conversar. O fato de as manifestações populares terem diminuído e também de o sorteio dos grupos da Copa estar se aproximando (será em 6 de dezembro) ajudou a animar os árabes, segundo empresário que acompanha a negociação. Para ele, há 50% de chances de um contrato ser definido na próxima semana.
“Mas, mesmo que não ocorra um acordo agora, não deverá ser um grande problema, desde que os árabes sintam solidez na proposta. E depois, como o estádio ficará um bom tempo com a Fifa por causa da Copa, eles entendem não haver pressa”, contou o empresário.