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André Rocha é campeão mundial paralímpico no lançamento de disco e bate recorde

Final do ano de 2005. O então Policial Militar André Rocha persegue um assaltante, que tenta escapar após cometer um crime. André vai atrás, mas sofre uma queda de um muro. Ao tentar se levantar para seguir atrás do bandido, ele não conseguiu. Suas pernas não se movimentavam – ele sofreu uma lesão na coluna e ficou paraplégico. A depressão chegou e o esporte, ele diz, o salvou.

São Paulo, manhã do dia 8 de junho. André Rocha diz, durante a convocação para o Mundial de Atletismo Paralímpico, quais são os seus sonhos, as suas perspectivas. “Cara, eu passei por uma cirurgia bem complicada (a lesão na coluna havia piorado), achei que nada ia dar certo. Mas ai os resultados estão saindo… quebrei dois recordes mundiais, mas tenho que treinar mais forte. Quero ir lá e, se Deus quiser, voltar com uma medalha, de preferência, a de ouro”, disse o para-atleta à reportagem naquele dia.

Londres, tarde de 18 de julho. Um mês e dez dias depois, o paulista de Taubaté atingiu o objetivo de conquistar a medalha de ouro no lançamento de disco, classe F52 (membros inferiores sem movimentos). Aos 40 anos, ele sagrou-se campeão ao atingir a marca de 23,80 metros, na quinta tentativa – é o novo recorde mundial da prova. A prata foi para o letão Aigars Apinis (21,95m) e o bronze para o croata Velimir Sandor (17,95m).

“As pessoas não fazem ideia do que esse título significa para mim. Para quem chegou até a cogitar abandonar o esporte ou até ir para outra modalidade, alcançar algo como esse ouro não tem preço. Foi muita luta, suor e fé em Deus. Tenho de agradecer à minha família, treinador… Muita gente que me apoia e que acredita no meu trabalho. Estou muito, muito feliz”, afirmou, emocionado, André.

“A ansiedade me atrapalhou bastante. Era o meu primeiro Mundial e representar o país num campeonato grandioso como esse não foi fácil. Tirei um peso muito grandes das costas. Sou um atleta que se cobra demais e hoje a emoção bateu porque eu lembrei de tudo que eu e a minha família passamos”, disse o brasileiro, que completou: “Estou muito feliz e espero que o meu exemplo sirva para muita gente. Que as crianças se espelhem nisso, que outros deficientes procurem o esporte paralímpico. O esporte é fantástico, é ferramenta de interação e o maior legado que a gente pode deixar para a sociedade.”

PRIMEIRA MEDALHA FEMININA – A mineira Izabela Campos conquistou a medalha de bronze no lançamento de disco, classe F11 (cego total) e repetiu o resultado que havia conquistado no Mundial de Doha, no Catar, em 2015. Aos 36 anos, ela ficou atrás apenas das chinesas Liangmin Zhang (35,11m) e Hongxia Tang (33,63m).

“Este resultado é fruto de um trabalho que começou antes dos Jogos do Rio 2016. Foi uma prova em que nem eu e nem minhas adversárias fizeram as melhores marcas, mas estou bastante satisfeita com o resultado”, disse a atleta, que teve sarampo aos seis anos e perdeu a visão progressivamente até ficar completamente cega aos 18 anos. Izabela retorna ao campo do Estádio Olímpico na tarde desta terça-feira, mas agora para a disputa do lançamento de dardo F11.

Além dela, competiu nesta manhã Petrúcio Ferreira. Nos 400m T47 (para amputados de braço), o paraibano passou à final com o quarto melhor tempo (51s55). Ele disputa a final nesta quarta-feira.

O Brasil garantiu mais uma participação em finais com a paraense Jhulia Santos, que avançou nos 100 metros T11 (cegos totais), com o tempo de 12s80, o segundo melhor tempo. Ariosvaldo Fernandes, o Parré, atleta da Associação Desportiva para Deficientes (ADD), de São Paulo, avançou às finais nos 400 m T53 (cadeirantes) com o tempo de 51s65. Por fim, Emerson dos Santos foi o 12.º colocado no arremesso de peso classe F46 (amputados e com restrições severas de movimentos).

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