Campeã no Mundial de Esportes Aquáticos pela terceira vez na sua carreira na maratona aquática de 25 quilômetros, Ana Marcela Cunha revelou nesta sexta-feira após alcançar o feito que teve como inspiração um dos grandes nomes da natação brasileira: Cesar Cielo. Ela lembrou que o colega também foi campeão mundial três vezes de uma mesma prova, os 50 metros livre, feito que agora ela alcançou ao faturar o ouro na prova realizada no Lago Balaton, que fica a cerca de 130 quilômetros a sudoeste de Budapeste, sede do evento.
“Quando entrei nessa prova eu pensei muito no Cesão (Cesar Cielo), e eu queria fazer algo que nenhuma mulher ainda fez e tentar me igualar a ele. É lógico que eu sei que são seis medalhas de ouro dele, mas ser tricampeã na prova mais longa do Campeonato Mundial… Estou muito feliz! É muita emoção. Nas últimas oito semanas eu treinei muito forte e vim pensando muito na prova dos 5km e depois que ganhei medalha nos 10km, vim mais confiante ainda. Ontem (quinta-feira) eu e a Aurelie (francesa Aurelie Muller) fomos as únicas que estão nos 25km e nadamos o revezamento, então eu tinha que me poupar ainda mais e graças a Deus deu certo”, festejou.
Antes da conquista desta sexta-feira, Ana Marcela já havia faturado outros dois bronzes nesta edição do Mundial, nas provas dos 5km e 10km. E esses resultados representam uma redenção para a brasileira, que tinha esperanças de ir ao pódio na Olimpíada do Rio, em 2016, mas foi apenas a décima colocada na disputa dos 10km. Meses depois, ainda precisou retirar o baço em uma cirurgia. E ela não esconde de voltar ao pódio na Olimpíada de Tóquio. “Aqui é onde tudo recomeça. Estamos em busca de um grande resultado em 2020”, disse.
Na disputa da longa prova nesta sexta-feira, Ana Marcela optou por não brigar diretamente pela liderança nos quilômetros iniciais, ainda que se mantendo sempre próxima do pelotão principal. Assim, na metade da disputa ela estava em uma modesta 17ª colocação, depois arrancando para a liderança, assumida no quilômetro final, e a vitória. E ela celebrou que a estratégia tenha dado certo.
“Das três que ficaram na ponta no final, eu era a única que já tinha nadado esta prova e sabia da dor que a gente sente no final. Essa experiência me ajudou. Tive que ter muita paciência para fazer tudo no momento certo. Na hora que eu juntei com os homens eu soube que só tinham três meninas. Então tentei me preservar o máximo possível, gastar menos energia porque a gente sabe que é decidido no final da prova. Você não pode entrar numa prova que vai durar cinco, seis horas muito tenso. Eu amo o que faço, então eu entro pra fazer aquilo que eu amo. Não dá pra ficar cinco horas com a cabeça tensa”, comentou.