Especial Baixada 100 anos

Amistoso em 1914 deu início ao glorioso Joaquim Américo

O amistoso entre América, que foi um dos clubes que deu origem ao Atlético, e Flamengo, no dia 6 de setembro de 1914, marcou o início de uma era gloriosa e de transformações do Estádio Joaquim Américo Guimarães. A derrota por 7×1 para o time carioca, na ocasião, acompanhada por aproximadamente três mil pessoas, pouco importou diante da grandiosidade e da importância da inauguração do primeiro estádio de futebol paranaense com arquibancadas de madeira cobertas, que comportava até seis mil expectadores. 
Porém, para transformar esse sonho em realidade, Joaquim Américo Guimarães, então presidente e fundador do Internacional, alugou o terreno na baixada do bairro Água Verde, por dez anos para fazer do local a casa do clube e, principalmente, para alavancar novos torcedores para o time americano, já que o cenário do futebol, na oportunidade, era deficitário e pouco relevante. 

Dez anos depois da inauguração oficial do Joaquim Américo, Internacional e América decidiram fazer uma fusão e, sob o comando do presidente Arcésio Guimarães, surgiu o Clube Atlético Paranaense no dia 26 de março de 1924. No mesmo ano, surgiu também a primeira polêmica quanto ao terreno onde Joaquim Américo Guimarães construiu a Baixada. No decorrer da temporada, estudou-se a possibilidade da construção de um novo estádio atleticano, ao lado do Passeio Público, onde hoje está localizado o Círculo Militar do Paraná. Dentro de campo, a vitória por 4×2 sobre o Universal, com gols anotados por Marreco, Malello e Ari duas vezes, marcou o primeiro jogo do Atlético na Baixada. 

A área foi doada pela Prefeitura de Curitiba, que exigiu que a construção do novo estádio fosse feita em até cinco anos. Entretanto, o terreno era alagadiço e uma parte era um banhado. Assim, o clube não teria condições financeiras, na época, para sanear a área, o prazo espirou e a doação foi desfeita. Porém, os dirigentes rubro-negros agiram rápido e prorrogaram o aluguel do terreno da Baixada por mais cinco anos. 

Carlos Hauer, em 1929, negou renovar mais uma vez o empréstimo do terreno, pois queria vender o imóvel. Assim, Luiz Guimarães, presidente atleticano, e Hermano Machado, superintendente bancário, adquiriram o título definitivo do terreno e locaram novamente para o Atlético. Entretanto, o Rubro-Negro só conseguiu ser dono definitivamente da área da Baixada em 1933. O Governo do Estado, depois de adquirir a área, fez uma permuta com o clube, que cedeu a área de terra da Colônia Argelina, na Vila dos Funcionários, no Bairro Juvevê, para se tornar a Escola Superior de Agronomia, em troca da posse definitiva do terreno onde foi construído o estádio atleticano. 

No ano seguinte, em homenagem ao idealizador do projeto, o estádio do Rubro-Negro passou a se chamar Joaquim Américo Guimarães. Também em 1934, o clássico entre Atlético e Coritiba, que terminou empatado por 1×1, ficou marcado pela primeira transmissão de rádio em um estádio de futebol no Estado feita pela equipe da Rádio Clube Paranaense. O fato curioso, na oportunidade, ficou por conta do local onde foi realizada transmissão. A cabine foi improvisada e pregada no alto de um eucalipto, que por pouco não se desprendeu e não causou um acidente. 

O ano de 1937 ficou marcado pela primeira transformação no estádio Joaquim Américo Guimarães. As arquibancadas de madeira foram substituídas por arquibancadas de concreto, projetadas pelo engenheiro Bento Munhoz da Rocha Neto, que só seriam demolidas em 1992. A inauguração das arquibancadas de concreto, que também foram as primeiras no Estado, aconteceu em 1939. O estádio atleticano passava a ser totalmente coberto e contava agora com cabines para transmissões de rádio. Também em 1937, a Baixada recebeu a primeira partida internacional na capital paranaense, no empate entre a seleção paranaense e o Club Atlan,ta, da Argentina, por 1×1. 

Depois, antes da segunda transformação que o estádio atleticano passaria, em 1967, poucos detalhes mudaram no Joaquim Américo, apesar de a assiduidade do torcedor apresentar um crescimento considerável com o passar dos anos. Neste período, dos dez títulos do Campeonato Paranaense conquistados pelo clube (1925, 1929, 1930, 19341936, 1940, 1943, 1945, 1949 e 1958), a equipe formada em 1949 deixou suas marcas. Chamada de Furacão de 49, o time atleticano daquele ano, comandado pelo técnico Motorzinho e por Jackson, Neno e companhia, venceu onze das doze partidas disputadas na Baixada. 

Atletiba

No título conquistado pelo Atlético, em 1958, um Atletiba realizado na Baixada ficou marcado na história. No dia 28 de junho daquele ano, o Furacão venceu o clássico contra o Coxa por 5×1, em um duelo recheado por fatos curiosos. No início da partida, o goleiro Nivaldo, do time coxa-branca, se machucou e, como substituições não eram permitidas, o ponteiro China foi atuar no gol e chegou a defender um pênalti durante a partida.  
Se não bastasse isso, o Coxa, com dificuldades para parar o Atlético, teve dois jogadores expulsos e o Coritiba passou a atuar com oito jogadores. A situação ficou ainda mais complicada quando Miltinho e Mário deixaram o gramado, machucados, para receber atendimento, e o árbitro Kalil Karam Filho encerrou a partida. O Alviverde, apesar de já estar perdendo por 5×1, protestou a decisão do árbitro no TJD, alegando que os atletas estavam apenas sendo atendidos fora do gramado. O Tribunal, no entanto, decidiu manter o resultado do clássico que foi disputado até os 27 minutos do segundo tempo. 

Joaquim Américo Guimarães 

Neto do Visconde de Nacar e fundador do Internacional, Joaquim Américo Guimarães idealizou a construção da Baixada, primeiro estádio de futebol do Estado com arquibancadas de madeiras. Em três anos – de 1912 a 1915 -, o presidente conseguiu transformar o time em um dos principais clubes do Estado. Nascido em Paranaguá e ligado ao mate, que era o ponto forte da economia do Estado na ocasião, Guimarães ficou marcado por seu um grande administrador. 
Ligado também ao turfe, já que foi presidente do Jockey Club do Paraná, Joaquim Américo Guimarães morreu prematuramente em 1917 e não teve a oportunidade de ver o Internacional, clube qual fundou, unir forças com o América para se transformar no Clube Atlético Paranaense, sete anos depois do seu falecimento.

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