Por razões de segurança, a organização do Rally Paris-Dakar decidiu ontem à tarde cancelar duas etapas cronometradas que seriam realizadas hoje e amanhã nos trechos Nema (Mauritânia), Mopti (Mali) e Bobo Dioulasso (Burkina Fasso). Também foi cancelado um vôo fretado que traria da Europa ?vips?, executivos e convidados de empresas patrocinadoras, para conhecerem o acampamento do rali.

Segundo Gilbert Ysern, diretor geral do rali, a organização recebeu informações (imprecisas) do governo da França e do Mali sobre possíveis ataques contra a caravana do Dakar, mas ele não soube dizer se a suposta ofensiva partiria de grupos políticos radicais ou de bandidos comuns.

Competidores de carros e caminhões, mais os veículos de assistência, seguirão em deslocamento de Nema direto para Bamako, no Mali, e não mais para Mopti, como previa o roteiro inicial. As motos serão embarcadas nos aviões da organização neste sábado até Bamako e depois seguirão rodando normalmente até Bobo.

Com a decisão, o rali terá três dias sem competições, incluindo as duas etapas canceladas e mais o dia de descanso em Bobo Dioulasso, o que já estava programado. A próxima etapa cronometrada será realizada apenas terça-feira, entre Bobo-Dioulasso e Ayoûn El Atroûs, de volta à Mauritânia.

Esta não é a primeira vez que o Rally Paris-Dakar sofre ameaças de ataques, sejam de terroristas ou de bandidos. O fato mais recente foi em 2000, no rali Dakar-Cairo.

A ameaça estava no Níger, com prováveis ataques de terroristas. A organização, então, decidiu que toda a caravana da competição ?pulasse? o país, indo direto para a Líbia. Para levar carros, motos e caminhões foram fretados vários aviões cargueiros Antonov, uma operação de alguns milhões de dólares.

Em 1999, na Mauritânia, país onde a caravana do rali se encontra atualmente, bandidos montaram barreiras no caminho e atacaram vários competidores. Alguns foram roubados com os pilotos tendo metralhadoras apontadas para a cabeça. No dia seguinte, helicópteros da organização localizaram carros e caminhões parados em pleno deserto. Entre as vítimas estava o checo Tomas Tomecek, que na época corria com um time daquele país e hoje faz parte da equipe brasileira Petrobras Lubrax, no caminhão de André Azevedo.

Parte boa

Para muitos competidores, a decisão da organização anunciada ontem é vantajosa. A prova ainda está na metade dos 11.000 quilômetros e 50% dos 411 veículos de competição que largaram dia 1.º de janeiro na França já ficaram pelo caminho. Os três dias de pausas forçadas serão uma injeção de ânimo. O Dakar 2004 vem se revelando como um dos mais difíceis da história.

O Brasil está sendo representado nas três categorias. Jean Azevedo corre de moto KTM 700 cilindradas. Klever Kolberg e Lourival Roldan estão de Mitsubishi Pajero Full e André Azevedo e os checos Tomas Tomecek e Mira Martinec nos caminhões. A caravana do rali passou a noite de ontem para hoje no aeroporto de Nema, na Mauritânia, e segue para Bamako (Mali) hoje.

continua após a publicidade

continua após a publicidade