Magny-Cours (WarmUp) – Ele andava meio apagado. No campeonato, tem 16 pontos menos que seu companheiro, que já ganhou até corrida. Em treinos, estava apanhando de 6 a 3. Aí, três semanas atrás, do alto de seus 22 anos de idade, declarou: ?Estou decepcionado comigo mesmo. A segunda metade do campeonato vai ser uma nova vida para mim?.
Não se pode dizer que Fernando Alonso não cumpre o que promete. O espanhol abriu ontem sua segunda metade de temporada na Fórmula 1 com uma inesperada pole position para o GP da França, a terceira de sua carreira. Nem ele, nem a Renault, vinham se destacando muito nos treinos em Magny-Cours.
E eis que, de repente, Fernando crava uma volta em 1min13s698, ele que só tinha dado sinal de vida na pré-classificação, com um razoável quinto tempo. Depois dele, no treino que definiu o grid para a décima etapa do Mundial, ainda fariam voltas lançadas os dois pilotos da renovada McLaren, Kimi Raikkonen e David Coulthard, e mais Michael Schumacher, da Ferrari, e Juan Pablo Montoya, da Williams.
A dupla prateada, em que pese a melhora de performance visível com o modelo MP4-19B, que faz sua estréia no campeonato, não chegou a ameaçar. Coulthard fez uma boa primeira parcial, mas acabou a 0s289 do espanhol. Schumacher abriu bem sua volta, mas no último trecho perdeu tempo e ficou 0s273 atrás. Faltava Juan Pablo, que igualmente passou abaixo de Alonso nos dois primeiros setores da pista francesa, mas despencou no fim e ficou apenas em sexto.
A Renault festejou. Afinal, corre em casa. Vice-líder entre as equipes, com 66 pontos, vem solidificando sua posição mais na base da regularidade que da performance. Seu ponto alto foram a pole e a vitória em Mônaco, mas no total, o time obteve apenas três pódios no ano. Havia 20 anos que um carro da Renault não largava na pole em GPs da França. O último fora em 1984, no circuito de Dijon, com Patrick Tambay. No total, a equipe tem seis poles em casa.
A BAR, embora atrás nos pontos, é que vem merecendo destaque na mídia internacional pelo vertiginoso crescimento em relação aos seus primeiros anos de vida.
?O que vale mesmo é a corrida, mas é claro que é especial fazer uma pole na casa da equipe?, disse Fernando, embora a fábrica de F-1 da Renault fique em Enstone, na Inglaterra.
Alonso, que tem feito largadas espetaculares neste ano ? em Indianápolis, pulou de nono para terceiro em algumas centenas de metros ? tem uma chance boa de pódio hoje. Terá em Schumacher, segundo no grid, um adversário duro. O alemão já venceu seis vezes em Magny-Cours e oito neste ano.
Quem decepcionou foi Rubens Barrichello. O brasileiro vinha treinando bem, mas na pré-classificação seu carro quebrou: problemas hidráulicos. Não saiu dos boxes e por isso foi o primeiro a fazer volta lançada na sessão que definiu o grid. Sem referências de tempos de outros pilotos de ponta, e com o asfalto menos emborrachado, fez 1min14s478. Resultado: décimo no grid, sua pior posição na temporada. Dos outros brasileiros, Cristiano da Matta larga atrás de Rubinho, em 11.º e Felipe Massa foi apenas o 16.º. O GP da França, com 70 voltas, será disputado hoje a partir das 9h de Brasília.