Uma década depois de chutar uma garrafa e atingir o rosto de David Beckham, o agora ex-técnico Alex Ferguson usou a sua autobiografia para criticar uma suposta preocupação do astro com a fama. No comando do Manchester United, o treinador dirigiu e desenvolveu o meia, que se tornou um dos atletas mais conhecidos do mundo. Depois, porém, Beckham trocou o clube pelo Real Madrid, com problemas de relacionamento com o técnico.
“David foi o único jogador que treinei que escolheu ser famoso, que teve com missão ser conhecido fora do futebol”, escreveu Ferguson em sua autobiografia, que será lançada nesta quinta-feira . “Eu me senti desconfortável com aspectos de celebridade de sua vida”.
Ao ir para o Los Angeles Galaxy em 2007, depois de quatro anos no Real Madrid, Ferguson disse que Beckham “entregou uma parte de sua carreira”. “Eu imagino que ele também tinha os olhos em Hollywood e no impacto que isso teria sobre a próxima fase de sua carreira”, Ferguson escreveu. “Não houve motivo futebolístico para ir para a América”.
Ferguson também comentou o incidente em que atingiu Beckam com uma garrafa, no vestiário, após derrota para o Arsenal em fevereiro de 2003. Ele explicou que xingou o jogador por sua suposta indolência em campo. “Eu fui em direção a ele, e quando me aproximei, chutei uma garrafa. Ela bateu acima do seu olho direito”, lembrou. “É claro que ele foi para cima de mim, mas os jogadores o pararam”.
Depois disso, Ferguson disse que Beckham precisava sair. “O grande problema para mim, e eu sou um homem do futebol, foi que ele se apaixonou por Victoria (a ex-Spice Girl Victoria Beckham) e isso mudou tudo”, disse Ferguson.
“David pensou que era maior do que Alex Ferguson”, escreveu. “Você não pode ter um jogador assumindo o vestiário. Muitos tentaram. O foco de autoridade no Manchester United é o técnico. Essa foi a sentença de morte para ele”.
Ferguson se aposentou em maio, encerrando a mais bem-sucedida carreira de um técnico na Grã-Bretanha, conquistando 38 títulos em 27 anos no Manchester United, incluindo 13 do Campeonato Inglês e dois da Liga dos Campeões da Europa.
Na autobiografia, o escocês Ferguson, que dirigiu a seleção do seu país na Copa do Mundo de 1986, revelou que foi convidado duas vezes para assumir a Inglaterra. A primeira foi em 1999, antes da contratação de Kevin Keegan, e a outra no ano seguinte, antes da chegada de Sven-Goran Eriksson. Ele garantiu, porém, que nunca se sentiu tentado a aceitar o convite.