Favorita

Alemanha sofre muito, mas vence Argélia e pega França

A Alemanha entrou como favorita para o confronto contra a Argélia pelas oitavas de final da Copa do Mundo, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, nesta segunda-feira. Mas sofreu do início ao fim do duelo, precisando da prorrogação e de muita luta para superar o adversário. Em um confronto angustiante, os alemães venceram por 2 a 1, com gols Schürrle e Özil, só na prorrogação, e garantiram a sua vaga nas quartas de final. Djabou marcou para os argelinos. Agora, a equipe alemã encara a França, nesta sexta, no Maracanã, a partir das 13 horas.

Com a presença, mais uma vez nos jogos desta Copa, do presidente da Fifa, Joseph Blatter, a partida foi a despedida do Beira-Rio do Mundial. E o duelo trazia também o retrospecto favorável para os argelinos, que venceram os únicos confrontos entre os dois países até então – por 2 a 0, em 1964, e por 2 a 1, na Copa de 1982, na Espanha. Este panorama foi suficiente para aumentar o ímpeto argelino, que mostrou muita raça para vender caro a passagem dos alemães às quartas do Mundial.

O JOGO – O confronto começou com a Alemanha dominando as ações do duelo, controlando o meio de campo e tentando infiltrações na defesa argelina. Na primeira delas, Mustafi recebeu aos 2 minutos por trás do lateral Ghoulam, em condições. O auxiliar brasileiro marcou impedimento, mas a posição era legal. A Argélia mostrava desde o início a sua estratégia para o jogo: uma linha de quatro no meio e outra de cinco na defesa, com apenas o atacante Slimani na frente. Uma verdadeira barreira viva que os alemães teriam de transpor.

Aos 8 minutos, emoção no Beira-Rio. Em erro no ataque, Mustafi perdeu a bola na direita e possibilitou o que o time argelino esperava, o contra-ataque. Em bola esticada pela esquerda, Mertesacker deixou espaço e Neuer saiu para bloquear Slimani, que saiu sozinho para marcar o primeiro gol da partida. Neuer quase foi superado na corrida, mas conseguiu travar o chute do argelino e mandar para escanteio. Na sequência, aos 10, com a defesa alemã aberta pela falta de Hummels, que ficou doente e não foi escalado para o duelo, Mertsacker deixou o pé e por um triz tirou a bola de Slimani, que sairia na cara de Neuer, em mais uma jogada de perigo dos africanos. O que se transformaria no lance usual da partida.

A primeira chance da Alemanha só ocorreu aos 13 minutos, quando Schweinsteiger chutou firme de fora da área para boa defesa, em dois tempos, de Mbolhi. Na sequência, mais um susto da defesa alemã. Em jogada individual para cima de Höwedes e Boateng, Feghouli ficou livre e, na hora de cruzar ou definir com qualidade, chutou alto por cima de Neuer. Mas a Argélia não parava e, em mais uma jogada de falha da zaga alemã, Ghoulam cruzou com precisão na cabeça de Slimani. O atacante estava um pouco à frente e o impedimento foi marcado.

Em outra jogada, aos 17 minutos, a Argélia mostrava que queria chegar às quartas. Em mais uma bela troca de passes pela esquerda, Ghoulam entrou na cara de Neuer, mas chutou longe do gol alemão. A Alemanha voltou a assustar aos 22, com Özil, que não cruzou nem chutou. Mas a bola saiu com efeito e quase surpreendeu o goleiro Mbolhi, que tocou para escanteio. A defesa alemã estava insegura e, em mais um lance de dúvida, Mertesacker quase perdeu a disputa com Slimani. Neuer teve de intervir para mandar para a lateral, de carrinho. Com o volume de oportunidades, a Argélia ganhava até o controle de bola no meio, com toques estéreis dos jogadores de meio-campo da Alemanha, em um domínio ilusório. Os alemães só assustavam com bolas aéreas.

Aos 39 minutos, outro lance de perigo para a Argélia, uma rotina no confronto. Em sobra de lateral argelino, Mostefa bateu forte, a bola desviou em Boateng e quase entrou no gol de Neuer, já batido. Em um primeiro tempo muito movimentado, com muita aplicação argelina e Neuer jogando praticamente todo o jogo como “líbero”, o duelo só não teve seu placar alterado por causa da falta de precisão dos atacantes de ambas as equipes.

Na volta do intervalo, a Alemanha continuava sua estratég,ia de muitos toques inofensivos no meio, deixando a cargo de Mertesacker e Boateng, zagueiros, a organização das jogadas do time. Em uma jogada confusa, a Alemanha quase marcou, sem querer, quando Schürrle, que tinha entrado no lugar de Götze, chutou em cima da zaga e a bola quase encobriu o goleiro Mbolhi. No escanteio, após boa jogada de Kroos pela esquerda, Mustafi subiu alto, ganhou do zagueiro, mas cabeceou nas mãos do goleiro argelino.

Aos 8 minutos, Mbolhi virava o jogador da partida ao defender de forma espetacular um bom chute de Lahm. O jogo continuava com muito nervosismo e com a Alemanha tentando impor seu favoritismo, de forma bem desorganizada, contra a valente Argélia. Os alemães começavam a lançar a bola para a área dos argelinos, sem muita técnica, apenas cruzando bolas.

O duelo perdeu um pouco da intensidade, com as duas equipes se poupando mais, talvez com os técnicos pensando já na prorrogação. Com a contusão de Mustafi, Lahm voltou a atuar na direita e Khedira voltou a jogar com Schweinsteiger no meio, ao lado de Kroos e Özil, deixando o meio de campo alemão mais ofensivo. Mas o jogo dos europeus não encaixava. Aos 34 minutos, Müller, em jogada de Khedira pela direita, outra vez, o vice-artilheiro da Copa do Mundo recebeu livre, sem marcação, mas testou em cima de Mbolhi, perdendo uma chance clara de gol. Na sequência, Müller, de novo, em outra jogada de craque, tirou dois zagueiros, mas chutou para fora.

O jogo ganhava ares dramáticos, com qualquer equipe podendo abrir o marcador. Aos 39 minutos, falta para a Alemanha na entrada da área, em lance de mão de Feghouli no chute de Boateng. Em jogada patética, os alemães “tentaram” ensaiar uma cobrança, mas Müller caiu e o resultado foi ridículo. Na resposta argelina, mais uma vez Neuer salvou, jogando definitivamente como líbero. Aos 42, em levantamento de Lahm, Schweinsteiger “atrasou” de cabeça para o bom Mbolhi.

As duas seleções mostravam muita luta, mas também desorganização em campo. A partida iria, mais uma vez nesta Copa, para a prorrogação. Logo no primeiro minuto, Schürrle derrubou a retranca argelina após boa jogada de Müller pela esquerda, tirando três zagueiros africanos. O atacante alemão cruzou rasteiro para a conclusão de letra do jogador do Chelsea.

Com a vantagem, a Alemanha respirou mais e até criou mais uma chance com Müller, que chutou em cima de Halliche. Em outra jogada, que poderia definir a partida, Özil, de forma displicente, esperou o zagueiro argelino chegar que, com cãibras, ainda cortou para a lateral. Por sua vez, os argelinos não desistiam, adiantando a marcação e dificultando o toque de bola alemão. Ainda em um primeiro tempo movimentado, Müller, mais uma vez ele, arriscou em jogada individual de fora da área, para assustar Mbolhi. Mas os sustos continuavam na área alemã. Aos 11 minutos da prorrogação, Mostefa quase fez para a Argélia em mais um erro de Khedira, ao rebater mal a bola do escanteio.

No segundo tempo da prorrogação, os argelinos jogavam todas as suas forças contra a frágil defesa alemã, que se virava como podia. Em cruzamento de Djabou, Mertesacker tirou com seu 1,98m no último instante. Com vários jogadores sofrendo com cãibras nas duas equipes, a partida era puro drama. Em jogadas claras de gol, a Alemanha mantinha o martírio ao não definir o resultado, primeiro com Kramer e depois com Müller. Mas aos 14 minutos, Özil, com o gol sem goleiro, ampliou. A emoção não acabou e, nos acréscimos, Djabou fez o gol de honra da brava Argélia.

FICHA TÉCNICA

ALEMANHA 2 x 1 ARGÉLIA

ALEMANHA – Neuer; Mustafi (Khedira); Mertesacker, Boateng e Höwedes; Lahm, Schweinsteiger (Kramer), Kroos e Özil; Götze (Schürrle) e Müller. Técnico: Joachim Löw.

ARGÉLIA – Mbolhi; Mandi, Belkalem, Halliche (Bougherra) e Ghoulam; Taider (Brahimi), Lacen, Fehgouli e Mostefa; Slimani e Soudani (Djabou). Técnico: Vahid Halilhodzic.

GOLS – Schürrle, a 1 minuto do primeiro tempo da prorrogação; Özil, aos 14, e Djabou, aos 16 minutos do segundo tempo da prorrogação.

CARTÕES AMARELOS – Lahm (Alemanha); Halliche (Argélia).

ÁRBITRO – Sandro Meira Ricci (Fifa/Brasil).

RENDA E PÚBLICO – Não disponíveis.

LOCAL – Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS).,

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