Agora ?embaixador?, Zé Roberto desabafa

Genebra (AE) – Menos de uma semana depois da eliminação do Brasil na Copa do Mundo, começam a surgir os primeiros sinais de desabafos de jogadores. Ontem, Zé Roberto e Lúcio estiveram em Genebra e foram escolhidos pela ONU para serem os novos embaixadores da entidade contra a pobreza. Entre uma reunião com diplomatas e viagens, Zé Roberto falou.

O jogador, que não atuará pelo Bayern de Munique na próxima temporada, garante que está com sua consciência limpa por sua atuação na Copa, mas alerta: não sabe se outros jogadores da seleção podem dizer o mesmo. Zé Roberto ainda aponta que seu desempenho no mundial valorizou seu passe, mas deixou claro que os jogadores que desapontaram na Alemanha podem ter uma desvalorização de 10% a 20% em seus novos contratos de imagem ou com seus clubes.

Agência Estado – Você, ao lado de Lúcio, foi escolhido pela ONU para ser o novo embaixador contra a pobreza, cargo que até agora era ocupado apenas por astros como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Você sente que isso é um reconhecimento de seu trabalho também na seleção?

Zé Roberto – Certamente. É um reconhecimento de minhas ações sociais no Brasil, mas também de meus esforços em campo. Sinto-me honrado com o convite e já o aceitei. Vamos agora estudar o que poderei fazer no Brasil para incrementar os trabalhos contra a pobreza que já possuo. Sei que posso fazer muito pelo meu País também fora do campo.

AE – Mas diante do péssimo desempenho do Brasil na Copa, você acha que outros jogadores da seleção terão as mesmas possibilidades e convites?

Zé Roberto – A Copa do Mundo é a principal vitrine para um atleta. Eu acho que os jogadores que não foram bem podem esperar uma queda de 10% à 20% de seus valores e de seus contratos de imagem no mercado. Por exemplo, se um jogador tem um contrato de 10 milhões de euros e está no momento de renová-lo, ele certamente não conseguirá o mesmo valor se seu desempenho na Copa do Mundo não foi dos melhores. Os contratos de publicidade também podem ser afetados nessa mesma proporção.

AE – Você teme que isso ocorra com você?

Zé Roberto – Esse não foi o meu caso. Pelo contrário. Acho que tive uma valorização. Estou com ofertas de clubes da Inglaterra, França e Espanha. Ainda não posso revelar quais são os clubes, pois ainda estou negociando. Mas vou tomar uma decisão em breve.

AE – E quanto à seleção, você espera retornar à equipe?

Zé Roberto – Prefiro ainda não falar sobre meus planos para a seleção, inclusive porque nem sei quem será o técnico, se Carlos Alberto Parreira fica de alguma forma. Ainda estou chocado com tudo que ocorreu e muito frustrado com a perda do título. Quero definir primeiro minha vida e em que clube vou jogar para depois pensar na seleção.

AE – Como você avalia o desempenho de seus colegas na seleção?

Zé Roberto – Não vou crucificar meus colegas. Não vou dizer se um dos jogadores correu menos ou coisa do tipo. Mas acho que cada um deve ter a consciência do que fez na Copa. Eu fiquei muito triste com a eliminação e não consegui dormir na primeira noite. Mas depois fiquei mais tranqüilo, pois fiz o meu melhor e fui reconhecido por isso. Fui eleito duas vezes o melhor jogador das cinco partidas do Brasil. Eu estou com a consciência limpa. Não sei se outros jogadores podem dizer também que tem a consciência limpa após a Copa.

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