Rio de Janeiro – Primeiro jogador a ter ganho o passe livre depois de uma batalha jurídica contra o Botafogo, na década de 70, o ex-meia Afonsinho se solidarizou com as críticas do Rei Pelé contra os dirigentes dos grandes clubes do futebol brasileiro, a quem acusou de envolvimento com grandes esquemas de corrupção. E frisou ainda que o maior jogador de todos os tempos não teve intenção de ofender os atletas ao chamá-los de “burros”, durante entrevista concedida anteontem no Hotel Mediá, na zona sul da cidade, para formalizar parceria com uma empresa fabricante de grama sintética.

“Foi mais para provocar uma reação dos jogadores. Burro é uma forma de expressão, que não vejo pelo lado pejorativo. Para o atleta ser profissional no Brasil, ele tem de ter algum valor e o Pelé sabe disso”, declarou Afonsinho, que a todo momento questionava a rejeição de boa parte dos dirigentes à Lei Pelé.

“Isso que é atestado de burrice. Os clubes, por muito tempo, foram donos dos passes dos atletas e hoje não têm nem campo para treinar. Como isso se explica? Onde está o dinheiro?”, indagou Afonsinho referindo-se às parcerias entre Vasco, Flamengo e Corinthians com empresas estrangeiras, que injetaram milhões nos cofres das três agremiações.

Fundador do time “Trem da Alegria” – contratou alguns craques e excursionou pelo Brasil e pelo exterior durante três anos na década de 70 -, já que estava impedido de jogar por causa da pendência na Justiça com o Botafogo, Afonsinho somente discordou de Pelé sobre uma suposta “desunião” dos jogadores.

“Eu não gosto de ver nem ouvir as pessoas dizendo que os atletas não são unidos. Não aceito isso há 15 anos. Colocam um chavão e não fazem mais nada. É preciso democratizar as instituições em todos os níveis: clubes, sindicatos, federações, confederações e entidades representativas.”

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