Amoreti Carlos da Cruz coloca fogo no depoimento marcado para a manhã de hoje. O presidente do Sindicato dos Árbitros do Paraná fez questão de convocar a imprensa ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), onde promete divulgar ?fatos esclarecedores? sobre a corrupção no futebol paranaense.
Um dos advogados de Amoreti, Celso Hanke Camargo, disse que seu cliente não fará novas denúncias porque o desenrolar do caso Bruxo denigre a imagem do futebol paranaense. O que não significa a ausência de novas revelações bombásticas. ?Amoreti irá responder às perguntas com base em provas documentais, contando verdades que esclareçam todos os fatos?, falou o defensor. Na quarta-feira, o próprio Amoreti insinuou que traria ?surpresas? ao depoimento da manhã de hoje.
O sindicalista foi convocado para explicar as acusações feitas por Onaireves Moura, que em depoimento ao TJD o acusou de comandar o esquema de corrupção na arbitragem.
O presidente da Federação Paranaense de Futebol disse que existem ainda outros dois ?bruxos? – um da Capital e outro do interior -, mas que os nomes só seriam revelados ao Ministério Público.
O depoimento causou tamanha preocupação que o presidente do TJD, Bortolo Escorsin, ofereceu proteção policial a Amoreti e Camargo.
O depoente recusou. ?Vamos lá de coração aberto?, falou o advogado. Camargo disse também que o cliente está disposto a revelar tudo o que sabe ao inquérito da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), que está na fase inicial.
Ontem, depôs no mesmo inquérito o ex-diretor da Comissão de Arbitragem, José Carlos Marcondes, que voltou a negar a acusação de ter mudado a escala do estadual de 2000 a pedido de Moura.
Nota
Ontem, em nota oficial, Onaireves Moura contestou as declarações do presidente do Sindicato, afirmando que o responsável pelas acusações contra Amoreti não foi ele, e sim dos próprios árbitros. Moura negou ainda que tenha sido omisso por só revelar agora os fatos que sabia sobre a corrupção. Ele justificou lembrando que, além de demitir Fernando Luiz Homann da Comissão de Arbitragem em 2004, levou o caso ao TJD.
O inquérito terminou sem a exclusão de árbitros ou dirigentes.
Triches rebate críticas
A língua solta de Amoreti Carlos da Cruz atingiu até o organismo ?concorrente?. Em entrevista à Tribuna, o ex-árbitro disse que é perseguido por Moura porque coordena um órgão ativo, ao contrário da Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (Apaf-PR), segundo ele manipulada pelo chefão da Federação.
Henrique França Triches, presidente da Apaf-PR, rebateu as declarações e negou que a entidade seja submissa à FPF. ?O Amoreti deve falar pelo Sindicato. Nosso estilo é de trabalhar em silêncio pela classe, sem alarde nem fofocas?, cutucou o apitador, que também é médico em Terra Roxa, sudoeste do Estado.
Triches lembra que, sob seu comando, as taxas de arbitragem tiveram o primeiro reajuste em quatro anos – a nova tabela entra em vigor no Estadual-2006. ?Temos bom diálogo, sim, com a Federação. Ter autonomia não significa dar murro em ponta de faca?, detonou.
A nova investida da Associação é um pedido para a abertura de mais postos no interior para o teste psicológico, agora obrigatório para os apitadores da FPF. Só há clínicas credenciadas para as provas de ?sanidade? em Curitiba e Londrina.