Quatro jogos de suspensão para Dunga foi pena suave. A avaliação partiu do próprio advogado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Mario Pucheau, logo após o julgamento realizado na quinta-feira pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O treinador recebeu a condenação por ter sido expulso no amistoso em que o Brasil derrotou o México por 3 a 1, em 12 de setembro, nos Estados Unidos. Ele ainda será julgado pela Fifa, em última instância, e sua punição pode ser agravada.
?Saio daqui (do tribunal) aliviado. A denúncia não levou em conta que o Dunga deu um empurrão no quarto árbitro. Está na súmula. Aí, (o resultado) seria terrível?, comentou Pucheau, sem notar que o repórter do Estado estava no elevador do prédio do STJD, na Rua da Ajuda, no centro do Rio.
Na súmula do árbitro Baldomero Toledo consta que Dunga teve a atenção chamada porque deixou a área técnica e empurrou o quarto árbitro, que chamou Toledo para falar do incidente – resultando na expulsão do treinador. No STJD, os auditores preferiram enquadrá-lo com base na alínea A do Artigo 49 do Código Disciplinar da Fifa (conduta antidesportiva) e aplicaram-lhe suspensão de quatro partidas (amistosas). Mas, de acordo com especialistas em direito esportivo internacional ouvidos pelo Estado, Dunga deveria ter sido denunciado com base na alínea B do mesmo artigo, cujo texto prevê seis meses de suspensão para quem pratica ?vias de fato? contra árbitro ou auxiliar. ?Certamente foi esse o temor do advogado da CBF e a Fifa pode fazer essa leitura?, comentou um jurista, que milita no STJD e pediu anonimato.
No julgamento, Dunga foi condenado por 5 votos a 4. Embora não tenha comparecido à sessão, ele foi repreendido com declarações firmes de vários auditores. O presidente do STJD, Rubens Approbato, chegou a afirmar que ?Dunga deu mau exemplo a todos?.
O STJD já encaminhou a ata da sessão à CBF, que a enviará para a Fifa. Não há, porém, prazo para o julgamento final. Se for mantida a pena inicial de quatro jogos, Dunga deverá cumpri-la pela metade – por dois amistosos -, desde que nos seis meses seguintes (ao segundo amistoso da seleção) não cometa novo ato de indisciplina.
As informações são de O Estado de S. Paulo