Adriano se lesiona e vira a dúvida para a final

Frankfurt, Alemanha – O treino corria solto e descontraído, no campo de Brentadobade, clube na zona sul de Frankfurt, até que Ronaldinho deu dois passos para trás, numa jogada na área e pisou forte no pé esquerdo de Adriano.

O centroavante caiu, tirou as chuteiras e na mesma hora foi para o vestiário. Cara fechada, mas sem mancar, saiu com o massagista e colocou bolsa de gelo.

"Foi só um susto", afirmou José Luis Runco. "Ele levou uma pancada no pé, o choque fez com que adormecesse um pouco e agora vai descansar." O médico da seleção garante que o artilheiro do Brasil na Copa das Confederações (3 gols) participa do exercício de hoje no Waldstadion, local da decisão de amanhã com a Argentina. Mas, como convém em momentos como este, deixa uma pequena dúvida, como margem de segurança.

"Depois que o corpo esfria, podemos fazer uma avaliação melhor", ponderou. "Em princípio, não há problema, embora traumatismo sempre provoque algum tipo de dor." Com a contusão de Adriano, que deixou o campo aplaudido por centenas de torcedores que trocaram as piscinas pelas arquibancadas, quem passou a ser centro de atenções foi Ricardo Oliveira. O goleador do Bétis está de sobreaviso e mandou o recado. "Se precisar, estou pronto", adiantou. "Vim aqui para trabalhar e entrar quando o Parreira quiser", avisou. "Só não gostaria de ser aproveitado por contusão de um amigo. E pelo jeito não foi nada grave".

Em alta

Adriano não teve desempenho uniforme no torneio alemão – como de resto quase todos os que entraram em campo nas quatro partidas disputadas até agora. A oscilação pouco importa, tanto para Parreira, que praticamente o garantiu no grupo para 2006, como para a Internazionale.

O clube milanês manda sinais claros de que não pretende abrir mão de seu principal atacante. Falou-se que Chelsea e Real Madrid fariam investidas, no mercado de verão, e isso foi suficiente para colocar em prática projeto que prevê ligação com o brasileiro até 2010.

O contrato atual vai até 2008 e rende a Adriano 3,2 milhões de euros por ano. Além disso, segundo o jornal romano Corriere dello Sport, ganha 1,3 milhão da Pirelli, principal parceira da Inter, por uso de imagem, e outros 2,4 milhões da Nike, a fornecedora de material esportivo. A idéia é prorrogar o compromisso, no mínimo com salário anual de 5 milhões de euros.

Overdose de rivalidade

São Paulo – Um confronto de meninos abre hoje a disputa entre Brasil e Argentina, dois dos maiores adversários do futebol mundial. As seleções sub-20 dos dois países jogam às 12h30, em Utrecht, por vaga na decisão do Mundial da Holanda. Os duelos prosseguem amanhã com a partida entre as seleções principais pelo título da Copa das Confederações e com o jogo entre River Plate e São Paulo, pela Taça Libertadores.

A garotada vai a campo amanhã com responsabilidade dobrada. Tanto para brasileiros como para argentinos, vencer não significa apenas o doce prazer de mandar o rival para casa. Há um ?bonus?: a seleção que chegar à decisão (contra o vencedor de Marrocos e Nigéria) irá se manter na luta pela supremacia da categoria, pois até hoje Brasil e Argentina conquistaram quatro títulos cada. ?Vai ser uma partida muito equilibrada e difícil?, resume o técnico René Weber.

O jogo de amanhã entre os ?marmanjos? também tem tudo para ser duro, como manda a tradição. Carlos Alberto Parreira promete um time ofensivo e, desta vez, marcando forte, num sinal de que aprendeu a lição dos 3 a 1 que a seleção sofreu nas eliminatórias. E, garante, a história agora vai ser outra. ?Eles se prepararam com todo cuidado para nos enfrentar em Buenos Aires, tanto que jogaram com time misto contra o Equador e perderam. E eram 70 mil torcedores empurrando o time, pressionando o Brasil. Aqui, eles não estarão?, destacou. ?São detalhes que tiveram peso decisivo naquela partida.?

A Argentina, que não levou alguns de seus melhores jogadores à Copa das Confederações, tentará superar a desconfiança de imprensa e torcedores com as atuações irregulares na competição. O técnico Jose Pekerman, num discurso parecido com o de Parreira, defende que o mais importante nesta competição foram as observações que pôde fazer. ?Não traçamos um plano e vamos mantê-lo. Seremos uma equipe bastante forte no futuro.?

Em Buenos Aires, nenhuma seleção estará em campo, mas a tensão no Monumental de Nuñez será grande. River Plate e São Paulo disputam vaga na decisão da Libertadores num jogo em que os argentinos precisam no mínimo devolver os dois gols de diferença que sofreram no Morumbi (para, nesse caso, decidirem nos pênaltis). Além da pressão normal de se jogar em Buenos Aires, há o temor de que os incidentes envolvendo a torcida argentina no Morumbi transformem o jogo em Nuñez em guerra para os são-paulinos.

Expectativa

Os argentinos começam a viver intensamente os três confrontos, mas parecem prestar ainda mais atenção ao jogo de amanhã em Frankfurt, pela Copa das Confederações. Nessa partida, o duelo entre Ronaldinho Gaúcho e Riquelme é esperado com grande expectativa. O motivo é simples: o brasileiro é o atual melhor jogador do mundo, escolhido pela Fifa, mas os argentinos acreditam que seu compatriota, em grande fase, tem tudo para desbancá-lo ao final do ano. Além disso, entre os portenhos há a certeza de que Brasil e Argentina decidirão a próxima Copa.

Brasileiros avisam: ?Vamos pra cima?

Frankfurt – A temperatura da final da Copa das Confederações subiu em Frankfurt. O clima esquentou com as declarações dos principais jogadores da seleção brasileira, ontem, depois do primeiro treino na cidade, realizado no acanhado Estádio Anbrentano Bad, no Parkweg, um majestoso parque municipal. Robinho, Kaká e Ronaldinho disseram que o Brasil vai para cima de peito aberto buscar mais uma taça, sem revanchismo.

Garantiram que a seleção não tem medo dos argentinos. ?Pipocar nós não vamos, vamos é para cima deles?, disse Robinho, quando foi questionado sobre a decisão, quarta, em Frankfurt. ?Cada jogo é uma história. Aquele de Buenos Aires (3 a 1 para a Argentina) passou, agora é outro e vamos com tudo.?

Robinho não esconde seu enorme desejo de triturar o tradicional rival. Tem uma razão especial. ?Vou fazer de tudo para ganhar este título. Tenho certeza que vai ser o meu primeiro de muitos que vou conquistar na seleção.?

O melhor do mundo também não baixou o tom. Ronaldinho Gaúcho diz que a hora é do futebol pentacampeão do mundo. ?A final contra a Argentina é uma grande oportunidade de o Brasil mostrar que é Brasil. O título está em jogo. Vamos para cima sem revanche. Se vierem para bater, o problema é da arbitragem.?

Carlos Alberto Parreira adotou discurso idêntico ao dos astros do seu time. Sem exaltação, bem na sua freqüência, o técnico disse que a seleção tem de comandar o jogo desde o início. Se for recebida com pancadaria, a ordem é deixar o árbitro resolver.

?O árbitro tem de coibir o que não for do futebol. O Brasil não pode se intimidar, tem de se impor. Não temos de pensar em jogo desleal. O Brasil tem de pensar em jogar futebol toda vez que usa a técnica, consegue vencer. Não pode se intimidar com o jogo brusco. Argentina e México fizeram uma partida de lances violentos, o árbitro não apitou com a intensidade que se esperava.?

Contra a anunciada pressão dos argentinos, Parreira aposta no trio Robinho, Kaká e Ronaldinho fazendo a diferença. E, evidente, no atacante Adriano, que ontem saiu baleado do treino – levou um pisão -, mas deve jogar, de acordo com o que garantiu o médico José Luiz Runco.

?O Brasil foi o time que mais chutou ao gol na Copa das Confederações, o que mais chances criou. Isso mostra o nosso poder ofensivo?, afirma Parreira. Canhão ele tem de sobra para arrasar o adversário. Difícil, porém, é contrariar o enorme equilíbrio entre as duas seleções. Dados oficiais divulgados ontem pela Fifa apontam números muito parecidos. Na história da Copa do Mundo, Brasil e Argentina se enfrentaram quatro vezes – duas vitórias brasileiras, uma argentina e um empate; cinco gols a favor do Brasil e três deles.

Nas eliminatórias, quatro jogos. Duas vitórias para cada lado – oito gols do Brasil e sete deles. Na Copa América, 31 partidas: oito vitórias do Brasil, oito empates e 15 derrotas. Somando as três competições, em 39 jogos, os brasileiros venceram 12 e eles 18. Empates, 9. O Brasil marcou 48 gols e a Argentina, 62.

A diferença despenca quando a Fifa contabiliza os títulos entre Copas do Mundo, das Confederações, Sub-20 e Sub-17: Brasil 13, Argentina 8. Parreira espera aumentar a coleção amanhã. ?Seria muito bom ganhar a terceira competição oficial da Fifa nos últimos três anos. Vencemos o Mundial em 2002, a Copa América em 2004. Falta a Copa das Confederações?, disse o técnico. Detalhe: o Brasil disputou a Copa das Confederações em 2003 e caiu fora na primeira fase. Mas não foi por culpa de uma derrota para os argentinos.

Argentinos garantem: ?Somos os melhores?

Hanover – O atacante Luciano Galletti deu uma mostra ontem da confiança da Argentina para o jogo de amanhã contra a seleção brasileira, em Frankfurt, na final da Copa das Confederações. ?Somos melhores, mas temos que demonstrar isso. Durante a partida será visto como sentimos, mas por vontade e força não duvidamos que vamos ganhar do Brasil?, disse o jogador.

Galletti não é titular do time do técnico Jose Pekerman, mas tem boas chances de começar jogando a final contra o Brasil

– Saviola está suspenso. ?Acho que posso jogar, mas isso será decidido pelo treinador.

O desfalque de Saviola é importante para nós, porque é um jogador que se movimenta muito bem, mas temos jogadores que podem

substitui-lo. Temos também o Carlitos (Tevez) e o Chelo (Delgado)?, afirmou o atacante de 25 anos, que joga no Zaragoza, da Espanha.

Segundo Galletti, a Argentina deve ter como exemplo o jogo em que venceu o Brasil por 3 a 1, no começo do mês, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias da Copa. ?Esperemos aconteça um primeiro tempo como da vez anterior?, lembrou o jogador – os argentinos marcaram seus 3 gols nos primeiros 45 minutos daquela partida. ?Estamos ansiosos pela partida e, logicamente, com vontade de poder levantar o troféu.?

Roque na bronca com Galvão

Frankfurt – O treino da seleção brasileira estava no finalzinho. Alguns jogadores, deitados no gramado, faziam trabalho de alongamento. De repente, Roque Júnior atravessou o gramado, foi até a beira do campo, local reservado à imprensa, e, dedo em riste, cobrou respeito ao narrador Galvão Bueno, da TV Globo. A cena não foi além de um minuto, mas acendeu fogo nos bastidores da seleção, ontem, em Frankfurt.

?Quero respeito pela carreira profissional e pelo lado pessoal. Não aceito perseguição?, disse, revoltado, Roque Júnior ao jornalista.

Galvão, que fumava uma cigarrilha, surpreendido com a atitude do zagueiro, respondeu: ?Deixa de bobagem, Roque. Você é um campeão do mundo. Todas as vezes que te elogio, você não vem conversar comigo?.

Três horas depois do incidente, Galvão Bueno disse que não houve problema nenhum, que estava em paz. Ele gravava o programa Bem Amigos, da Sportv, no terraço do Hotel Intercontinental, que, por ironia, teria Roque Júnior entre os convidados.

O zagueiro tomou a iniciativa de cobrar do narrador depois de receber notícias do Brasil da transmissão da vitória (3 a 2) da seleção contra a Alemanha, sábado, em Nuremberg. Pessoas próximas a Roque Júnior, indignadas com os comentários de Galvão Bueno sobre a atuação de Roque Júnior, ligaram à Globo no intervalo do jogo cobrando imparcialidade.

Antes mesmo do incidente no treino, havia certo desconforto entre os jogadores do Brasil com as últimas críticas. Foram feitas pequenas reuniões entre eles e assessoria da imprensa da seleção para amenizar o problema, que acabou estourando no treino de ontem.

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