Adriano é recebido com festa em Curitiba

Pelo segundo ano seguido, o Atlético sentiu o gostinho de ser campeão mundial. Mesmo sem estar no Japão. Em 2005, o atacante Aloísio, que meses antes havia sido vice-campeão da Libertadores pelo Furacão, deu assistência preciosa para Mineiro marcar o gol do título são-paulino em cima do Liverpool.

Mas nada se compara com o feito de Adriano. Além de a saída de Aloísio ter sido conturbada (e de o São Paulo ser detestado pelos rubro-negros), o Gabiru mantém grande identificação com o torcedor atleticano. Foi na Baixada que o alagoano superou a dificuldade inicial de adaptação e projetou-se no futebol, até tornar-se titular do time campeão brasileiro de 2001, virar ídolo das arquibancadas e chegar à seleção nacional. Para completar, o Atlético ainda divide com o Cruzeiro 45% dos direitos federativos do meia – fatia altamente valorizada com o gol do título do Internacional, em cima do superpoderoso Barcelona.

Depois de uma comemoração apoteótica em Porto Alegre, Adriano desembarcou quinta-feira em Curitiba. Foi recepcionado com uma festa-surpresa preparada por parentes e amigos em sua casa, no bairro Boa Vista. Em meio aos inúmeros abraços, Gabiru recebeu a reportagem do Paraná-Online  para contar as aventuras da improvável escalada à fama mundial, que também o transformou em herói eterno da torcida colorada.

Paraná-Online: Passada a euforia, como se sente o herói de um título mundial conquistado sobre Ronaldinho e companhia?
Gabiru: É…Não foi fácil o que eu passei no Inter, sendo vaiado todo jogo. Mas nunca desisti e Deus me abençoou. Entrei para a história do Inter, junto com meus companheiros, mas ter feito o gol do título foi especial.

Paraná-Online: Por que as vaias eram tão insistentes?
Gabiru: É normal, já passei fase ruim no Atlético, no Cruzeiro. Mas no Inter tinha uma perseguição em cima de mim e do (meia) Michel. A gente não merecia. O grupo era excelente, o trabalho é sério, e você mal entrava em campo e era vaiado. Foi complicado, mas dei a volta por cima com a ajuda da família, que ficou do meu lado nos momentos difíceis.

Paraná-Online: Você esteve a ponto de deixar o Inter?
Gabiru: Teve um jogo no segundo turno do Brasileiro, não lembro contra quem, em que fui para o aquecimento e já começaram a vaiar. Aí disse que não queria jogar mais no Inter. Mas foi de cabeça quente, depois pedi desculpas pra torcida.

Paraná-Online: E a torcida acabou pedindo perdão para você na festa do título…
Gabiru: Pois é, cara. O futebol é f…. Mas espero que continuem assim. O carinho está sendo grande. O que dei de entrevista em Porto Alegre…

Paraná-Online: Na comemoração, você parecia desabafar.
Gabiru: A fase não estava boa e de repente você faz o gol do título mundial… Ainda disse pro (goleiro reserva) Marcelo, no banco, que ia entrar e marcar esse gol. E eu nem sabia que ia entrar. Agradeço ao Abel, que sempre confiou em mim.

Paraná-Online: Como Ronaldinho se comportou com vocês?
Gabiru: Antes do jogo ele veio falar com a gente. É um cara simples, tranqüilo. O Deco também foi excelente com a gente. Acontece que o Barcelona achou que ia entrar e ganhar. Não falavam isso, mas é que ninguém conhecia o Internacional.

Paraná-Online: O Atlético ainda tem parte de seus direitos e é o clube que o projetou. Sentiu-se representando também o Furacão no Mundial?
Gabiru: Claro que sim. Fui criado no Atlético. Quando cheguei aqui não agüentava o frio, estava acostumado com o calor de Maceió. Quis ir embora, mas meus pais sempre incentivaram para eu ficar e agarrar essa chance. O Atlético me ajudou a crescer no futebol, aqui fui campeão brasileiro e cheguei à seleção.

Paraná-Online: Um retorno à Baixada é possível?
Gabiru: Agora não. Tenho contrato com o Inter até 2009 e espero ficar. Ainda mais depois de tudo o que aconteceu. Mas tenho muito respeito pelo Atlético e quem sabe um dia eu volte.

Paraná-Online: O futebol gaúcho está acima do paranaense?
Gabiru: Não tem muita diferença. Jogar no Atlético ou no Inter é igual. O Paraná foi pra Libertadores, está de parabéns. Pena que o Coritiba não subiu. Sou atleticano, mas seria bom para o futebol paranaense ter o Coritiba de volta na 1.ª Divisão.

Paraná-Online: Aos 29 anos, o que ainda projeta na carreira?
Gabiru: Quero voltar pra seleção. O Dunga estava no Japão observando. Se eu tiver uma seqüência no Inter posso ser chamado. Também penso em jogar de novo na Europa. Quando fui pela primeira vez (no Olympique de Marselha, França, em 1999) era muito moleque.

Paraná-Online: A comemoração continua?
Gabiru: Continua. Fico uns dias em Curitiba e depois vou pra Maceió. Ainda não falei com minha mãe depois do título. Mas vou ficar sossegado, curtindo a família.

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