Paris – A brasileira Ádria dos Santos bateu ontem o recorde mundial dos 200 m para deficientes visuais, durante a disputa do Campeonato Mundial de Atletismo, em Paris. Com o tempo de 25s22, ela ainda assegurou a medalha de ouro, superando a francesa Assia El Hannoui (25s78) e a espanhola Purificación Santamarta (26s28).

Foi o segundo título seguido de Ádria num mundial olímpico, e foi a única, entre brasileiros (convencionais e portadores de deficiência), a subir na parte mais alta do pódio. A outra novidade é que Ádria bateu o recorde mundial da classe T12 (atletas com até 15% da visão), sendo que o recorde da classe T11 (cegos) também pertence à atleta.

Ádria ficou com a primeira colocação na prova dos 200 m para cegos e deficientes visuais com o tempo de 25s22, batendo seu próprio tempo, estabelecido por ela mesma (25s76) em 2001, na 8.ª edição do mundial, em Edmonton, no Canadá. Aos 25 anos, a mineira Ádria já disputou quatro Paraolimpíadas e ostenta marcas impressionantes na carreira. Foram duas medalhas de ouro em Seul/1988, uma outra de ouro em Barcelona/1992, três de prata em Atlanta/1996 e mais duas de ouro em Sydney/2000.

Ádria tem uma doença chamada retinose pigmentar, que incide diretamente sobre a retina e não tem cura, deixando-a completamente cega. Por isso, ela disputa as provas, assim como as outras atletas paraolímpicas com deficiência visual, com o auxílio de um guia, que corre ao seu lado.

Fenômeno

Se compararmos Ádria com as melhores velocistas do mundo chegaríamos à conclusão de que ela tem um desempenho similar ao de estrelas como a norte-americana Florence Griffith Joyner, que em 1988, fez o 10s49, nos 100 m, ou ainda, a mais recente, Kelly White, que conquistou o tempo de 10s85, na mesma competição que Ádria está, no último dia 24 de agosto. Ádria já chegou a fazer 12s46 nos 100 m, tempo conquistado em Sydney. Nos 200m ela é a melhor com o tempo de 24s99. A diferença é a seguinte: Ádria é completamente cega e mesmo sabendo que um segundo é muito quando se trata de atletismo, se fizermos uma análise, ela não deixa nada a desejar para as duas americanas. Entre os esportistas paraolímpicos ela já é um ícone.

Aqui no Brasil é conhecida, mas precisa ser mais lembrada, pois ela é com certeza a melhor velocista dos últimos tempos. Nenhuma atleta brasileira que compete nas pistas coleciona tantas medalhas e recordes como Ádria. Definitivamente ela é a número um do Brasil e do mundo.

Arremesso de peso

A brasileira Elisângela Adriano terminou em nono lugar na prova de arremesso de peso do Mundial de Atletismo que está sendo realizado em Paris. A brasileira conseguiu a marca de 18,11 m. A prova foi vencida pela russa Svetlana Krivelyova que fez 20,63 m. A bielo-russa Nadezhda Ostapchuk ficou com a medalha de prata (20,12m) e a ucraniana Vita Pavlysh (20,08m).

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