Em meio ao turbilhão que virou o Campeonato Brasileiro nas últimas semanas, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luiz Zveiter, pediu licença do cargo. Ele está sendo acusado por dirigentes de clubes de ter tumultuado a competição ao decidir anular 11 jogos por causa de esquema de manipulação de resultados envolvendo árbitros e empresários.
A assessoria de Zveiter informou na tarde desta sexta-feira que ele vai ficar afastado do cargo por duas semanas. Pouco depois, atendendo a um pedido do procurador do tribunal Paulo Schmitt, o presidente em exercício do STJD, Nelson Braga, decidiu interditar o estádio de Vila Belmiro por causa dos incidentes ocorridos no jogo de quinta, entre Santos e Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. A medida passará a vigorar a partir de segunda-feira, somente após o compromisso do Santos com o Goiás, programado para domingo.
"Como torcedor, acho lamentável, vi um pedaço da partida na fita e foi uma coisa deplorável", disse Nelson Braga. O Santos terá de reestruturar o estádio, no que diz respeito às condições de segurança, capacitando-o para receber novos jogos. O caso deve ser levado a julgamento na sexta-feira, pela 4ª Comissão Disciplinar do STJD. Em plenário, a interdição pode ser retificada ou prorrogada.
De acordo com Nelson Braga, a violência no clássico paulista, quando torcedores e dirigentes do Santos invadiram o gramado para agredir o árbitro Cleber Wellington Abade, reflete um problema atual do Brasil. "Quando a orquestra não toca bem, todos começam a desafinar. O País não está bem, mas no que compete a nossa responsabilidade, vamos fazer o possível para que tudo termine em ordem", afirmou. Ele frisou que a anulação dos jogos será mantida por ter sido "uma decisão tomada pelo plenário".
Nelson Braga e Luiz Zveiter são adversários. O primeiro, ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Rio, é homem de confiança do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira.
No ano passado, Nelson Braga tentou medir forças com Luiz Zveiter para tomar o controle do STJD. Saiu derrotado.
Por isso, opositores do presidente do tribunal já enxergaram uma manobra política. Alegam que, com o desgaste de Zveiter a partir da reviravolta no campeonato, com as anulações dos jogos, e ainda por conta de representações no Conselho Nacional de Justiça contra o acúmulo de cargos ? a presidência do STJD e atividade como desembargador do Tribunal de Justiça do Rio ?, o magistrado poderia estar querendo dividir responsabilidades. Neste caso, deixaria Braga, juiz do tribunal do trabalho, na mesma situação em que se encontra.
Vasco
O clube carioca adiou para a segunda-feira sua representação no STJD para que a partida contra o Figueirense seja anulada por erros do árbitro Carlos Eugenio Simon. O motivo alegado pela diretoria vascaína foi de pouco tempo para edição do material de vídeo que sevirá de prova no processo.
