Em meio a um mau humor generalizado do setor automotivo por causa da escalada da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, as ações da Fiat-Chrysler (FCA) caíam 2,86%, às 11h04 (de Brasília), cotadas a 16,31 euros. No mercado financeiro, no entanto, especula-se que, no caso dessa montadora italiana, a desvalorização também estaria relacionada a uma ameaça de greve dos trabalhadores da empresa em protesto contra a contratação do jogador de Cristiano Ronaldo pela Juventus.
A paralisação, prevista para ocorrer entre às 22h do próximo domingo (15) e às 18h de terça-feira (17h) na fábrica de Melfi, foi convocada pelo sindicato Unione Sindicate di Base, sob a alegação de que a transferência do atleta, que envolve altos valores, teria sido intermediada pela fabricante de automóveis, patrocinadora do clube.
Num comunicado, a categoria diz que “não é aceitável” que os trabalhadores continuem a se sacrificar economicamente, enquanto a empresa gasta “milhões de euros com um jogador”. O documento relata que a instrução da companhia é a de que as famílias “apertem o cinto”, mas depois investe grandes montantes com apenas um nome.
“Acham justo? É normal uma pessoa ganhar milhões, enquanto milhares de famílias no meio do mês já quase não têm dinheiro?”, questionou a entidade, acrescentando que essa diferença de tratamento não pode continuar.
O sindicato prossegue dizendo que os trabalhadores da Fiat “deram uma fortuna” nas últimas três gerações a seus patrões, que, no entanto, foi retribuída com uma “vida de miséria”. “A empresa deveria colocar os interesses dos seus empregados em primeiro lugar, mas se isso não acontece é porque preferem o mundo do futebol e do entretenimento em detrimento do resto.”
Cristiano Ronaldo deve se mudar para Turim após uma negociação no valor de 100 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões) com o Real Madrid e que estará em vigor até 20 de junho de 2022. O português atuará pela primeira vez no futebol italiano. O atacante começou sua carreira no Sporting, de Portugal, e, depois, jogou na Inglaterra, pelo Manchester United, de onde saiu para reforçar o Real por meio de outra transação multimilionária em 2009.
Os Agnelli e a Fiat
Presidente da Juventus, Andrea Agnelli é hoje membro do conselho de diretores da Fiat-Chrysler e é um dos herdeiros do império criado pela famosa montadora italiana, fundada por Giovanni Agnelli, em 1899. O pai de Andrea, Umberto Agnelli, foi CEO da Fiat entre 1970 e 1976, senador italiano e também já presidiu a Juventus. Antes disso, Gianni Agnelli, irmão de Umberto e neto de Giovanni, chefiou a montadora entre 1966 e 2003, ano de sua morte.
Andrea está na presidência do clube mais popular da Itália desde maio de 2010 e é membro do conselho de diretores da fábrica de automóveis desde maio 2004, assim como tem este mesmo posto na Fiat-Chrysler desde outubro de 2014.
A ligação entre a Juventus e a Fiat-Chrysler é intrínseca. A Jeep, marca de propriedade deste grupo FCA, rende um patrocínio de 26,5 milhões de euros anuais ao clube para estampar o seu nome em local nobre do uniforme da equipe de Turim. E as duas empresas tem o mesmo acionista majoritário: a família Agnelli.