São Paulo – Um acidente de carro matou ontem o ex-piloto Clay Regazzoni, vice-campeão mundial de Fórmula 1 em 1974. Ele envolveu-se numa batida com um caminhão e outro carro na autoestrada A1, que liga Milão a Bolonha, perto da cidade de Parma. O suíço, de 67 anos, era paraplégico desde 1980, quando bateu em Long Beach com um Ensign e teve uma lesão na coluna que lhe tirou os movimentos da cintura para baixo.
Piloto da Ferrari durante seis temporadas nos anos 70, Clay viajava numa van Chrysler Voyager com placas de Mônaco. Quando o pessoal do resgate chegou, encontrou os documentos em nome de Gianclaudio Giuseppe Regazzoni. Dentro do carro, sua cadeira de rodas. Segundo relatos, a van foi prensada entre o caminhão e o outro veículo.
Campeão de F2 em 1969, ?Rega? chegou tarde à F1, aos 30 anos. Mas na quinta corrida, pela Ferrari, já subia ao degrau mais alto do pódio, com uma vitória em Monza, diante da fanática torcida italiana.
Se nunca ganhou um título na categoria, Regazzoni foi um dos grandes nomes dos anos 70, ao lado de Emerson Fittipaldi, Niki Lauda, Carlos Reutemann, James Hunt, Jackie Stewart, Jacky Ickx, François Cevert, Ronnie Peterson, Alan Jones e muitos outros.
Quando estava caminhando para o ostracismo, no final de 1978, a Williams lhe deu uma chance e ele retribuiu, ganhando a primeira corrida da história da equipe, em Silverstone/1979. Depois do acidente em Long Beach, mesmo em cadeira de rodas, Clay continuou envolvido com o automobilismo e chegou até a correr no Paris-Dacar com um carro adaptado.
?Perdemos um homem de coragem e grande generosidade?, disse ontem o presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, que era chefe de equipe quando Regazzoni voltou a Maranello, depois de uma passagem pela BRM. ?Seu gênio napolitano fazia dele uma personalidade única. Foi com ele e Lauda que conquistei meu primeiro título?.
?Ele me ensinou a amar a vida?, declarou Lauda, seu companheiro de 1974 a 1976. ?Estou chocado. Morrer num acidente de carro é uma crueldade do destino. Depois de meu acidente em Nürburgring, foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. Estive com ele em Mônaco no ano passado e Clay nunca perdeu a capacidade de rir e de se divertir?. Outro que se disse chocado foi Frank Williams, para quem Regazzoni correu em 1979. ?Sua vitória em Silverstone foi, provavelmente, o momento mais importante da história de nossa equipe?, disse o dirigente inglês.