Não era de se esperar outra coisa depois de um gol, sofrido aos 45 minutos do segundo tempo, que custou a eliminação da Copa Libertadores, principal meta do ano. O abatimento era completo no vestiário do Fluminense após o empate por 1 a 1 contra o Boca Juniors, na noite desta quarta-feira, no Engenhão.
O técnico Abel Braga entrou na sala de coletiva com o rosto vermelho e as veias do pescoço pulsando, reflexo da intensidade da partida e do doloroso golpe sofrido no minuto final do duelo. O vice-presidente de futebol, Sandro Lima, um gigante de quase dois metros de altura, de olhos vermelhos, observava Abel e segurava as lágrimas.
“Quero agradecer as palavras do Sandro no vestiário. Foram palavras que emocionaram”, disse Abel para abrir sua entrevista, destacando as lágrimas de seus comandados, mas também a convicção de que luta não faltou.
A todo momento, o técnico tricolor repetia a frase “não sei explicar, só os deuses”. E reforçava o orgulho por liderar um grupo tão determinado e coeso. “Os jogadores dignificaram a camisa do clube, jogaram com muita galhardia”.
Abel preferiu valorizar aqueles que entraram em campo e minimizou os muitos desfalques. Fred, Deco, Diguinho, Valencia, lesionados, e Carlinhos, suspenso, não puderam contribuir com o time. Mas o treinador relativizou o fato.
“Mesmo com muitos desfalques, fomos amplamente superiores ao Boca. Não sei se a experiência deles fez diferença. Nossa defesa e meio de campo foram impecáveis, principalmente no primeiro tempo. Não quero desmerecer os que jogaram”.
Nem mesmo a postura acuada no segundo tempo, quando recuou em excesso e cedeu campo a um adversário tecnicamente inferior que até se satisfazia com a derrota que levava a decisão da vaga para os pênaltis, foi razão para críticas.
“O Boca jogava por uma bola. Meu goleiro não fez uma defesa o jogo todo. Eles foram muitos felizes no lance”, disse Abel, em referência ao gol argentino saído de uma jogada rápida aos 45 minutos da etapa final.
Ainda que o gosto amargo de eliminação tão doída custe a sumir, o Fluminense reinicia do zero a caminhada ao topo da América com o mesmo vigor.
“Vamos com muita força para o Brasileiro. Nós últimos anos estamos sempre na Libertadores, beliscando. Acreditamos que vamos chegar no grupo (de classificados) para a Libertadores novamente”, prometeu Abel, que tem três dias para reagrupar a tropa e voltar à luta no domingo, contra o Figueirense, no mesmo palco da batalha perdida ontem.