Rivaldo pode voltar a
vestir a camisa da seleção.

Lima – O instinto de Alex indicava há 20 dias o que iria se confirmar ontem na Grécia: Rivaldo está de volta ao futebol. Assinou contrato com o Olympiakos por dois anos. O meia titular do Brasil na Copa América pressentia que o pentacampeão do mundo voltaria a ser seu rival na briga por uma vaga na seleção principal. Mesmo aos 32 anos e cinco meses longe dos gramados, Rivaldo continua com enorme prestígio na seleção brasileira. Com o técnico Parreira e os jogadores.

“Eu sempre tive a certeza de que o Rivaldo voltaria a jogar. Ele é um excelente jogador que conseguiu várias vezes ser mais feliz na própria seleção do que nos clubes. Eu nunca descartei a possibilidade de ele estar brigando comigo, com o Kaká, com o Diego, com o Felipe por uma posição no time que disputa as eliminatórias”, afirma Alex.

Rivaldo tem, em Parreira, um fã incansável. Daqueles que não desistem de torcer mesmo quando o cenário não estimula.

“Ele é um jogador diferenciado. Talentoso e muito inteligente taticamente. Sempre trouxe benefícios à seleção brasileira. Seu currículo não deixa dúvidas. Em duas copas foi titular. Vice em 1998 e campeão em 2002, sendo o vice artilheiro com cinco gols. Se ele conseguir readquirir o seu preparo físico continuará sendo um jogador muito interessante. Vai depender dele e não da seleção”, resume o treinador abrindo uma porta enorme para o retorno do atleta.

Bem mais vivido do que Parreira, Zagallo, no entanto, não tem tanta confiança que Rivaldo retornará a jogar como fez antes do mundial do Japão.

“Vou explicar com cuidado para que as pessoas e muitos menos ele pense que sou contra a sua volta à seleção. Fui jogador e tenho condições de analisar alguns aspectos especiais. Para que o Rivaldo volte a mostrar aquele futebol maravilhoso de anos atrás ele precisa estar com tesão. A palavra é essa: tesão”, repete o coordenador.

“Eu tive uma longa conversa com o Rivaldo há algum tempo, quando ele ainda estava arrumando clube e senti que ele estava mais preocupado com a vida pessoal (o jogador estava se separando da esposa). Passava por um momento difícil. Se ele conseguiu superar esse problema, agora terá de vencer o aspecto do tempo em que ficou parado e enfrentar as limitações que chegam com a idade. Não será nada fácil”, lembra Zagallo.

O coordenador também levanta outro aspecto – o financeiro.

“O Rivaldo está rico. Pode não parecer para quem está longe, mas isso pesa também. Quando um atleta ainda não conseguiu sua independência financeira aos 32 anos é uma coisa. Quando já alcançou é outra. Eu, sinceramente, não sei o que esperar do Rivaldo. Mas vou torcer muito que ele volte a ser o atleta que qualquer seleção do mundo queria ter.”

Ao contrário do que acontece com Vanderlei Luxemburgo, que segue cada passo de Rivaldo e lhe dá centenas de palpites sobre o rumo a tomar, Parreira prefere deixar o jogador completamente à vontade para seguir o seu destino. Embora admire o futebol do meia, o treinador da Seleção sabe que, se ficar participando tanto da vida do jogador, poderá correr o risco de se sentir obrigado a convocá-lo.

“Eu sei qual é o meu papel no futebol brasileiro. Acompanho, mas não posso gerenciar carreiras. Nem quero. Apenas vejo de longe. Se o Rivaldo se recuperar mesmo não será apenas ele quem ganhará. Será ótimo para a seleção brasileira que ganhará outra ótima opção de jogador que pode ser convocado. Mas quem dá as cartas é ele”, brinca o treinador.

Outra Copa América

Fundos de investimentos norte-americanos estão espalhados no mundo atrás de lucros. A Hicks Muse, por exemplo, acabou patrocinando o Corinthians e o Cruzeiro durante um tempo. A tentativa não deu certo por causa da lei Pelé que rompeu o vínculo definitivo dos atletas com os clubes. Mas o futebol voltou à mira dos capitalistas americanos depois do sucesso da Eurocopa. E eles estão por trás da tentativa de uma revolução na Copa América de 2007.

Lobistas estão insistindo que inimigas históricas – a Confederação Sul-Americana de Futebol e a Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe – se unam para organizar a chamada “Copa América de verdade”.

O sistema seria copiado sem o menor pudor do europeu. Os 39 países inscritos nas duas confederações disputariam com toda a tranqüilidade uma eliminatória que classificaria as 16 melhores seleções para disputar a Copa América de 2007. Atualmente, garantidas estão as seleções da América do Sul e convidados aleatórios. O Japão já chegou a disputar a competição. Honduras, que humilhou o Brasil de Luiz Felipe Scolari não mandou time para o Peru.

continua após a publicidade

continua após a publicidade