Willians fez o pênalti,
mas marcou o gol de empate.

Nada melhor que vencer de virada e espantar os fantasmas. O Coritiba conseguiu isso no domingo, ?salvando a pele? de dois jogadores. Willians e Ceará, que foram protagonistas dos gols do Paraná Clube, também foram decisivos para a vitória alviverde, em recuperações pessoais que motivaram a equipe a conseguir um resultado que parecia improvável.

Willians teve a sua redenção ainda no primeiro tempo. Ele sofrera com a marcação dos atacantes do Paraná no início do jogo, mas já se recuperara e era um dos melhores em campo quando acabou derrubando Valentim na grande área. Pênalti indiscutível que Renaldo converteu, abrindo o placar. Dali em diante, o volante perseguiu incessantemente alguma coisa que o fizesse esquecer aquele mau momento.

E, mais no instinto do que outra coisa, Willians se lançou ao ataque. Teve três chances de marcar, e na última não desperdiçou. “O time precisava daquele gol, e fico feliz de poder ter feito”, comenta. Ele foi comemorar com o técnico Paulo Bonamigo, que é seu maior incentivador – e que deu a ele a grande oportunidade de ser titular após a saída de Tcheco.

Para ?mostrar serviço?, ele fez mais do que marcar um gol. Depois, se desdobrou para ajudar a defesa e ainda tentou empurrar o time para o ataque. E, após a ótima atuação de domingo, Willians se imagina como titular absoluto. “Sempre que entrei, fiz minha parte. Acho que é o meu melhor momento, e espero ter a confiança do Bonamigo a partir de agora”, afirma o volante.

Ceará também viveu seu drama no clássico. Ele marcou o milésimo gol do campeonato brasileiro – só que foi contra, após desviar para seu próprio gol um cruzamento de Marquinhos. “Eu estava na hora errada e no lugar errado”, lembra o lateral-direito. Era a tragédia anunciada, ainda mais para aquele que assumira a responsabilidade de cobrar as faltas laterais do Coritiba.

E foi nelas que Ceará encontrou sua redenção. Na primeira, Marcel acertou o travessão. E na segunda, Lima testou para as redes. “Eu sabia da responsabilidade que era substituir o Tcheco nessas cobranças. Mas deu tudo certo”, afirma. Aliviado, o lateral chega a brincar quando fala do gol contra. “Sou o jogador das marcas históricas: fiz o segundo gol mais rápido dos brasileiros contra o Criciúma e agora fiz o milésimo deste ano. Pena que foi contra.”

Para Bonamigo, é importante que os outros jogadores vejam esses exemplos. “Isso mostra a personalidade deles, mas também de todo o grupo. E é claro que a volta por cima dos dois motivou o time, porque eles viram que todos queriam acertar, e quando erraram não descansaram até se recuperarem”, avalia.

Para Bonamigo, o elenco amadureceu

Lá se foram quinze dias, o campeonato brasileiro voltou e o Coritiba conseguiu manter sua rotina de bons resultados. A vitória sobre o Paraná, e a forma que ela veio – de virada – fez o elenco e o técnico Paulo Bonamigo afastarem as preocupações que permearam a intertemporada alviverde. Com o décimo quinto triunfo na competição, o Cori mostrou que pode viver sem Tcheco, que não se desmobilizou na parada das Eliminatórias da Copa e que, acima de tudo, amadureceu um grupo.

E essa foi a grande vitória do clássico para Bonamigo. Ele viu sua equipe ficar duas vezes atrás no placar e em momento algum partir para o desespero. “É um time preparado para as adversidades. Conseguimos mostrar nossa força de conjunto e mesmo não tendo uma atuação brilhante saímos com a vitória”, exulta o treinador alviverde. “Foi a vitória da superação de todos. Nós não desistimos um instante sequer”, corrobora o volante Roberto Brum.

E em uma partida com tal voltagem, a calma alviverde surpreendeu. Afinal, o time foi ?encurralado? pelo Paraná no primeiro tempo – uma volúpia que nem mesmo Bonamigo esperava. “Nós acreditávamos que seria um jogo de estudos, e quando vimos estávamos presos na marcação do Paraná”, relembra. “A gente demorou a perceber como eles estavam jogando. A marcação estava adiantada e não conseguíamos sair tocando a bola”, completa o volante Willians, o melhor em campo.

O Coritiba teve que buscar nas próprias forças a recuperação, principalmente após o gol contra de Ceará (ver matéria). “Nós sabíamos que era possível vencer o jogo. Acho que foi isso que fez todo mundo correr até o último instante”, comenta o lateral Adriano. “Não jogamos no desespero. Nossa principal virtude foi a calma nos momentos decisivos. O time é frio, não se abala mais”, reconhece Bonamigo.

Tal frieza ajudou a superar o trauma da saída de Tcheco. “Aqui ele é passado”, fala com certa crueza o treinador. Mas é dessa forma (mesmo que internamente ele não tenha essa opinião tão forte) que ele reforça o restante do grupo. “Nós temos jogadores de qualidade que podem suprir a ausência dele”, garante Bonamigo, mesmo reconhecendo que o Cori teve problemas na armação no clássico. “Mas o Paraná marcou forte”, minimiza.

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