Apaixonado por matemática,
Rogério Correia ainda espera
exercer a profissão de professor
depois da aposentadoria como zagueiro.

Hoje eles são ídolos do futebol paranaense e vivem do futebol e para o futebol. Mas antes de encarar o esporte bretão como profissão, alguns jogadores trabalhavam em áreas bem diferentes. E certamente se não tivessem se tornado atletas, poderiam estar realizando seus sonhos de infância.

O zagueiro Pícoli, do Coritiba, tinha o sonho de ser militar e chegou a servir ao Exército. “Cheguei à patente de cabo, mas o destino acabou me conduzindo ao futebol”, diz o jogador, que guarda com carinho as recordações daquela época. “Minha ligação com a vida militar é tão forte que, curiosamente, meu filho Mateus nasceu no dia do soldado”. Parte das características do tempo de quartel, Pícoli levou para os gramados. Hoje é “capitão” da equipe e segundo o companheiro de time Reginaldo Nascimento, mantém o estilo durão. “Ele cobra disciplina mesmo e isso é muito importante para equipe”, diz.

Nascimento também imaginou um futuro diverso à profissão de jogador. Até os quinze anos, o sonho do volante era ser professor primário. “Sempre achei a profissão muito bonita. É uma responsabilidade enorme educar as crianças que fazem o futuro do país”. No entanto, o desempenho escolar não ajudou muito e ele passou a trabalhar em outras áreas. “Meu primeiro emprego foi na prefeitura de Anápolis. Eu tapava buracos no asfalto das ruas com piche”, conta. Depois, o jogador emprestou seus dotes culinários na produção de doces. “Trabalhava em uma fábrica e tinha que descascar as frutas e mexer o tacho”. Foi justamente no trabalho com os doces que Nascimento acabou enveredando para o futebol. “Um dia eu estava muito cansado e decidi esconder alguns mamões em um buraco. Fui descoberto e me entregaram aos meus pais. Como na época já jogava no Anápolis, resolvi me dedicar ao futebol, uma atividade mais prazerosa. Acabou virando minha profissão”.

Quadro-negro

Outro coxa-branca que tinha uma profissão curiosa é o volante Roberto Brum. Vivendo em São Gonçalo, Rio de Janeiro, ele ajudava o pai como camelô. “Era uma profissão puxada, mais muito legal. Como sempre fui bom de conversa, vendia bastante”, orgulha-se. Daquele tempo, guarda histórias curiosas como a de uma moça que calçava 42. “A maior sandália feminina que tínhamos era 38 e tanto fiz que consegui colocá-la no pé da moça. Metade do calcanhar ficou para fora, mas ela levou mesmo assim”, diverte-se.

Se não tivesse tornado-se jogador, Brum acredita que ainda trabalharia um tempo como camelô, mas gostaria de tornar-se professor, assim como Nascimento. “Minha mãe dá aulas de filosofia e também gostaria de entrar na área de humanas”, diz, negando a vocação para político. “Esse história de me chamarem de senador tem a ver com minha facilidade de expressão. Não nego que sou uma pessoa politizada, mas não chegaria gostaria de ter um cargo político”.

Matemático

No Atlético, também há um jogador que sonhava em ser educador. Com ótimas notas em matemática no tempo de escola, o zagueiro Rogério Corrêa garante que se sentiria realizado com giz na mão. “A profissão de professor é uma das mais importantes que existe. No futuro, quando parar de jogar, não se admire se eu voltar a estudar matemática e passar a lecionar”, projeta.

Fazenda realiza “veterinários”

Com raízes no interior, o atacante atleticano Dagoberto trabalhou com agricultura em Enéas Marques e adorava tratar os animais. “Pensava em ser veterinário, mas acabei realizando o sonho de ser jogador de futebol antes, quando me mudei para Londrina com meu irmão Douglas”, diz, referindo-se à ida para o PSTC, que também revelou os companheiros de equipe Kléberson e Reginaldo Vital. Dagoberto gosta tanto de animais que garante que se a agenda do futebol fosse mais maleável, entraria logo na faculdade de veterinária. “É uma pena que no Brasil o jogador tenha que ter dedicação exclusiva ao futebol. Mas se eu conseguir, inicio o curso ainda como atleta. Caso contrário, o farei quando encerrar a carreira”, diz a jovem revelação atleticana.

O zagueiro paranista Xandão, que nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo, não pensa exatamente em cursar veterinária, mas também sempre carregou o sonho de viver perto dos animais. “Sempre adorei rodeio e quando era pequeno, sonhava em ser peão. Adoro montar e acho que ia me dar bem”. No entanto, o destino acabou o conduzindo ao mundo do futebol. “Não há como negar que ser jogador também era um sonho. A maioria dos brasileiros, no fundo, sonha com isso. Como tive oportunidade de me profissionalizar, agarrei a oportunidade com unhas e dentes”, explica. O que Xandão juntar durante a carreira, no entanto, já tem destino certo. “Quero ter uma fazenda e viver lá o resto da minha vida”, conclui.

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