Faltam 1.000 dias para os Jogos do Rio 2016. Pode parecer muito tempo para quem deseja acompanhar a primeira Olimpíada na América do Sul. Mas é pouquíssimo tempo para todo o trabalho que o Rio precisa realizar até a cerimônia de abertura, tanto na infraestrutura urbana quanto na esportiva. Os responsáveis por executar e gerenciar essa exaustiva tarefa mantêm o discurso de confiança de que a cidade está no rumo certo, dentro do cronograma e que o Rio entregará uma das mais bem sucedidas edições dos Jogos Olímpicos.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) tem outra visão. Segundo um relatório da entidade, divulgado há cerca de dois meses, várias áreas da preparação carioca estão em atraso. Mil dias é um prazo apertado para que tudo seja finalizado com tempo hábil para que os ajustes e testes de última hora sejam feitos.
“Estamos a mil dias dos Jogos, mas nossos prazos são mais curtos do que isso. Temos de entregar nossas obras antes, para os eventos-teste. Há um cronograma, uma sucessão de entregas”, diz Maria Silvia Bastos, presidente da Empresa Olímpica Municipal (EOM), responsável por coordenar todo o trabalho de preparação da cidade.
Apesar de reconhecer que é preciso agilidade, Maria Silvia garante que não há motivo para preocupação exagerada. “Tudo preocupa. Mas tudo vai ser entregue”, afirma.
O COI já não tem tanta tranquilidade. No seu último relatório de acompanhamento das obras, a entidade destacou em vermelho (alvo de alta preocupação) o andamento da infraestrutura urbana, a falta de definição de uma Matriz de Responsabilidades dos Jogos, o atraso na definição de vários locais de competição e o déficit de quartos – são necessários 45 mil unidades, mas a cidade atualmente conta com cerca de 20 mil.
“Teremos os 45 mil quartos em 2016”, garante Leonardo Gryner, diretor-geral de operações do Comitê Organizador dos Jogos do Rio. “Já temos os contratos para construção dos hotéis necessários. O que nos permitiu até diminuir o número de navios que precisaremos contratar como opção de hospedagem.”
Desde a divulgação do relatório, houve avanços, mas com estouro dos prazos anteriormente prometidos ao COI. O Elevado da Perimetral começou a ser demolido na semana passada. A obra faz parte do projeto de revitalização da Zona Portuária, local que abrigará a força de trabalho da Rio/2016. Os BRTs (corredores expressos de ônibus que vão ligar os quatro grandes núcleos dos Jogos) avançam, mas sem muita margem para contratempos. A linha 4 do metrô, que ligará a zona sul até a Barra da Tijuca, é uma intervenção complexa.
Da infraestrutura esportiva, o Parque de Deodoro apenas na semana passada teve seu projeto conceitual (um esboço das instalações) fechado. Ainda faltam os projetos básico e executivo para que as obras comecem efetivamente. A situação é crítica no local, que abrigará competições de basquete, canoagem slalom, tiro esportivo, entre outros. A EOM assumiu o controle da região há menos de três meses, depois de o governo estadual pouco ter avançado em sua preparação.
“(A gestão de Deodoro) ter passado para a prefeitura foi a decisão correta, pois temos a experiência de dois anos no Parque Olímpico, que saiu do zero. Deodoro já possui algumas instalações. As obras serão mais rápidas”, compara Maria Silvia, que não quis analisar a demora na troca de comando. “Pergunta para eles (Estado). Eu recebi um telefonema do prefeito dizendo que assumiríamos o local no dia seguinte e começamos a trabalhar.”
No Parque Olímpico é preciso acelerar o ritmo. As obras do centro de tênis começaram na semana passada. O novo velódromo ainda está na fase de licitação. O edital da licitação do estádio de handebol vai ser lançado este mês e o do novo parque aquático no mês que vem. “Até o (fim) primeiro semestre de 2014 todas as obras do Parque Olímpico estarão em andamento”, promete Maria Silvia.