A festa do Santos, depois de tantos anos de jejum

Lágrimas de alegria, gritos, pulos, risos, frases desconexas, beijos, invasão de gramado, orações de joelhos, faixas enfim na posição correta. Torcedores e jogadores do Santos apresentaram simbiose perfeita, no início da noite de domingo, no Morumbi, em um dos momentos mais dramáticos e felizes dos 90 anos da história do clube. Depois de 18 anos de espera, o time finalmente comemorou um título significativo, ao vencer o Corinthians por 3 a 2 no segundo duelo da final do campeonato brasileiro de 2002. Uma proeza heróica, mas sofrida, angustiante, tensa.

A serenidade do Santos obtida com os 2 a 0 de domingo passado sofreu abalo nos segundos iniciais do clássico. No primeiro toque na bola, Diego levou a mão à coxa esquerda, caiu e cobriu o rosto. Era o fim para um dos personagens centrais da campanha da equipe. Robert entrou no sufoco, com a missão de organizar o ataque. Mas se no primeiro confronto, Diego decidiu, Robinho se encarregou de arrumar a casa santista e levar o time à vitória.

O jovem atacante marcou o primeiro gol ainda na primeira etapa, depois de uma jogada fantástica em cima do volante Rogério, e foi o autor dos passes que resultaram nos outros dois gols do Santos, no segundo tempo. Depois da insistência corintiana, que resultou em dois gols – aos 30 minutos, com Deivid, de cabeça, e aos 39, com Anderson, também com cabeçada certeira,o jogo esquentou. Os 74.592 torcedores que pagaram ingresso viveram momentos de emoção incomparáveis nos minutos finais.

O Santos chegou à igualdade no placar aos 43 minutos. O “endiabrado garoto” armou a jogada no lado direito do ataque e cruzou para Elano desviar. A festa santista explodiu nas arquibancadas e foi coroada com a virada definitiva. Robinho dançou diante de Kléber e Vampeta e serviu Léo, aos 47: 3 a 2. O Brasil é alvinegro, mas da Baixada.

Reconhecimento

O site oficial da Fifa destacou ontem a participação do atacante Robinho na conquista do campeonato brasileiro. Segundo a matéria, a respeito da descisão, Robinho teve uma atuação magistral e conduziu a equipe santista ao título.

A matéria lembra também que Robinho teve participação efetiva nos três gols do Santos e definiu a equipe como “um grupo de novos jovens talentos, que parecem dispostos a marcar toda uma era no futebol do país pentacampeão mundial”.

Santos não libera as estrelas para sub-20

Diego e Robinho não defenderão a seleção sub-20 e ontem o médico Carlos Braga concluiu o diagnóstico para encaminhar o pedido de dispensa à Confederação Brasileira de Futebol. Segundo ele, Diego está com um estiramento na região posterior da coxa esquerda, que o afastou logo no início do jogo decisivo do Brasileirão, domingo, enquanto Robinho vem reclamando há tempos de uma dor na tíbia.

Diego deverá ficar afastado durante três semanas, o período exato de suas férias. Braga explicou que não há tanta pressa nesse tratamento, já que o time só volta a se apresentar no dia 6 de janeiro para início da pré-temporada. Ele explicou que o jogador havia sido poupado dos treinamentos na semana passada, visando uma recuperação mais rápida e participou de todo o aquecimento antes da partida sem sentir problema.

Braga lembrou que houve um estresse repetitivo no músculo. O médico disse que Renato também foi poupado, fez os testes e não teve problemas para jogar. Quanto a Robinho, Carlos Braga informou que ele sente dores na tíbia. “Trata-se de um processo inflamatório na parte óssea que precisa de tratamento.” Por conta desses dois problemas, determinou que Diego e Robinho passassem por uma ressonância magnética e o resultado irá embasar o parecer pedindo a dispensa dos dois da seleção sub-20.

Independente da contusão dos atletas, o Santos não estava mesmo disposto a liberar Diego e Robinho para o selecionado, cedendo somente o centroavante William. O diretor de futebol, Francisco Lopes, informou que a diretoria havia decidido ceder os jogadores apenas para torneios oficiais e que uma convocação nesse momento prejudicaria os planos do clube. É que os santistas só entraram ontem em férias e há necessidade de um período de descanso para que as atividades sejam retomadas no dia 6 de janeiro.

“Temos duas competições importantes pela frente – o paulista e a Libertadores – e o time precisa estar bem preparado”, disse o dirigente. E concluiu: “O Leão já disse que só libera os dois se o Kaká também for”.

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